terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O visto espanhol para estudantes e a pasta de documentos


 

Algumas pessoas me pediram informações sobre a pasta de documentos que preparei para vir para cá e por que ela é necessária. Bem, não é obrigatório ter uma pasta de documentos, mas eu prefiro ter tudo comigo e não precisar do que precisar de algo e não ter. Ainda mais que vínhamos para mais tempo e que tínhamos a dúvida sobre poder entrar na Espanha no dia 20 de dezembro ou apenas dia 27, conforme me informaram no Consulado de Porto Alegre. Sim, eu sou a chata da organização, confesso!


Sobre o visto:

Quando vamos solicitar a aplicação do visto no Consulado Geral da Espanha é preciso, em primeiríssimo lugar, comprovar o endereço, porque o Consulado de Porto Alegre somente atende a moradores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Moradores de outros estados devem buscar o seu consulado de referência aqui.

Depois, é preciso ler as informações que estão na página do consulado de referência, no caso de Porto Alegre (clique aqui), e apresentar os seguintes documentos: o formulário de solicitação de vistos, que deve ser impresso e preenchido à mão (em que constará a tua fecha (data) de chegada no país e a de saída, a carta de aceitação da universidade, uma foto 3x4cm, seguro saúde com cobertura mínima, comprovação de renda, cópias de extratos bancários e do último imposto de renda. E eu, por ser funcionária pública, precisava apresentar a autorização de afastamento publicada no DOE. Veja a lista completa dos documentos e a ordem de apresentação deles. Os documentos do Jaime e da Valen precisaram comprovar o vínculo comigo, além do formulário, da foto e do seguro. O Consulado orienta a não emitir as passagens antes da decisão do pedido de visto. E outro detalhe: o visto de estudante te autoriza a entrar no país 15 dias antes do início do curso, segundo informação oficial.

Documentos na mão, é preciso marcar a cita no saite, enviando um e-mail em um link próprio. Eles te enviam a data e o horário em que deverás ir pessoalmente no Consulado, exceto menores de idade, para apresentá-los. Depois disso, é preciso aguardar o envio do código de acesso e seguir acompanhando o andamento pelo link próprio. Enquanto não começou a tramitar, consta pendiente de tramitación na pesquisa. Quando está em tramitação, a resposta será en tramitación. E se já há uma decisão, aparecerá resuelto, a resposta mais esperada. Mesmo assim, ainda não saberás se ele foi concedido ou não, pois é preciso ir lá no Consulado, pessoalmente, para saberes. Para isso, não precisa marcar 'cita', basta ir. Eles apontam no sítio oficial um prazo de 30 dias, mas geralmente demora de 7 a 10 dias a decisão. 

No nosso caso, eu já havia obtido o visto antes, então estava tranquila quanto ao resultado desta segunda aplicação, que foi gratuita, tendo em vista que não havíamos podido embarcar em fevereiro de 2021, como estava planejado. Emiti as passagens mesmo antes do visto para garantir o preço, pois eles aumentavam cada vez mais. Mas nada é tão simples, né?

Nosso prazo estava justo para tudo. No dia em que fomos aplicar o visto, o sistema estava fora do ar e nós, em tese, não poderíamos aplicar. Eu paralisei na frente da atendente. E o Jaime tomou a frente e disse: mas já tivemos um visto deferido e tal... E ela disse: então eu posso ficar com a documentação de vocês, porque não é preciso pagar a taxa e daí eu não preciso do sistema agora. Essa situação já fazia uma semana e não havia prazo para a situação voltar ao normal.

Passados uns dias, fiz contato. O sistema havia voltado. Recebi o email com o link e o código de verificação. Passei a consultar duas vezes por dia, no mínimo. Até que saiu resuelto na segunda-feira antes do embarque. Na terça de manhã, quando o Consulado abriu, estávamos lá e voltamos com os vistos deferidos! Mas que sufoco, viu?

Quero deixar bem claro que essa foi a NOSSA experiência. Consulte sempre o link do Consulado para fazer o seu trâmite, pois ele está sempre atualizado. E o Consulado da Espanha no Rio de Janeiro é bastante ativo no Instagram. Vale a pena seguir.


A pasta de documentos

Bem, eu preparei uma central de documentos para apresentar na imigração, caso fosse necessário. Nela pus todos os documentos que apresentei no consulado, tanto os meus, como os do Jaime e os da Valen. Na ordem da pasta:


- Carta de aceitação pré-doctoral;

- Autorização de afastamento para estudos;

- Como esse período é uma construção, documentos que o comprovam, como deferimento de férias e de folgas de plantão;

- Convênio da Univates com a Universidade de Sevilha;

- Edital de Mobilidade Internacional da Univates;

- Resultado do julgamento do edital;

- Comunicação do deferimento da alteração da data, tendo em vista a pandemia;

- Histórico escolar do doutorado;

- Comprovante de matrícula;

- Plano de trabalho (apresentado para a Univates e para o MPRS);

- Certificado DELE B2, requisito básico do Edital, emitido pelo Instituto Cervantes, comprovando a fluência no idioma;

- Seguro-viagem para nós os três para todo o período;

- Comprovação de registro imobiliário;

- Certidão de união estável (tivemos que fazer a escritura pública no tabelionato e o registro no Ofício de Pessoas Naturais e, ainda, apostilar em Haia, requisitos exigidos pelo Consulado);

- Documentos do Jaime (contratos sociais, IRPF);

- IRPF meu;

- Extratos bancários;

- DECORE do Jaime e contra-cheques meus (dos últimos 4 meses);

- Comprovantes de endereços (meu e do Jaime);

- Certidão de Nascimento da Valen (emitida dentro de um ano da data da apresentação no Consulado, igualmente apostilada em Haia);

- Cópias dos nossos documentos (CNH, passaportes e vistos);

- Receitas dos medicamentos que usamos normalmente (uso contínuo e de uma farmacinha básica, pois trouxemos até antibióticos básicos);

- Certidão de antecedentes criminais (extraídas da internet);

- Currículum Lattes;

- Contrato com a Univates;

- Certificados de vacinas da covid-19;

- Carteira de vacinação da Valen;

- Passagens;

- Documentos de transferência escolar da Valen;

- Fotos 3x4 de todos.


Esses são os documentos que trouxe. Na imigração, nada foi pedido (eu estava com a pasta na mão). Mas ela já foi muito útil aqui, tanto para o empadronamento, como para a escola. E o documento mais solicitado é, sem sombra de dúvidas, o Certificado de Vacinação da Covid-19. Em todos os restaurantes, cafés, bar de tapas, etc. nos pediram o passaporte até agora. E pelo que li na imprensa local, essa regra vai seguir valendo ainda por um tempo, tendo em vista a alta de infecções pela variante ômicron (mesmo que os números venham caindo drasticamete dia a dia aqui na Andaluzia).

E nela estão sendo guardados, ainda, os documentos daqui: contrato de aluguel, recibos, carta de empadronamento, etc. É um peso para carregar? Sim, mas, como disse antes, prefiro ter tudo à mão e não precisar do que precisar e não ter.

E você, costuma a se organizar assim? Tinha ideia de que talvez fosse preciso tantos documentos? Já passou por alguma situação e não tinha os documentos junto? Conta pra gente.  

domingo, 23 de janeiro de 2022

A saga do apartamento continua!

 


Lembram que contei da saga para encontrar um apartamento aqui em Sevilha? Não viu? Volta no penúltimo post e lê ele antes de continuar aqui. 

Pois é... estávamos muito bem acomodados no apartamento do Airbnb até que... a proprietária disse que não aceitava a aquisição de mais dois meses para fechar o nosso tempo aqui. Tudo porque nós pedimos a ela para firmar um contrato privado a fim de que eu pudesse apresentar ao Ayuntamento de Sevilla (o equivalente à Prefeitura) para nos empadronar (ou seja, sermos considerados moradores da cidade e podermos usufruir de diversos benefícios para quem mora aqui). Não queríamos nada diferente do contrato do Airbnb - que não foi aceito pelo Ayuntamento - e ainda nos propusemos a fechar o prazo pela plataforma para dar total garantia a ela. Ela simplesmente enlouqueceu com o pedido e apresentou uma reclamação contra o Jaime, que havia feito a locação, no Airbnb. A plataforma entrou em contato com ele e ele, prontamente, disse que não queria mais ficar os três meses ali naquele endereço, afirmando que no dia 07 de fevereiro, dia em que fecharia um mês, nós o entregaríamos, alterando, assim, a reserva.

Eu estava na Universidade quando recebi a seguinte mensagem: estou te esperando para resolvermos uma situação. Ao mesmo tempo, recebi uma mensagem do Airbnb - até agora não sei o porquê, pois a reserva estava em nome dele -  afirmando que o prazo da locação havia mudado. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido. Recolhi minhas coisas e comecei a voltar para casa. No caminho, enquanto percorria os 2,2km que separam a Universidade do apartamento, pensei em muitas coisas, mas foquei em agradecer o que havia acontecido, sem sequer ter ideia do que era. Mas agradeci muito e pedi que coisas boas viessem. 

Eu tinha me matriculado na academia, o Jaime tinha visto aulas de padel, tínhamos pedido a vaga na escola que ficava dobrando a esquina para a Valen...  Ou seja, estávamos de fato nos organizando e organizando uma rotina para todos. Tínhamos decidido esperar a resposta da escola para decidir o que fazer, pois fiquei sabendo que não é necessário o empadronamento para obter a vaga na escola (informação contrária a que tinha recebido antes). Então, se conseguíssemos a vaga, permaneceríamos ali; caso negativo, aí, sim, iríamos ver outro lugar antes de concluir os três meses, porque é muito difícil conseguir lugar para alugar que não seja por contrato de longa duração, ou seja, um ano.

Quando cheguei em casa, o Jaime me mostrou a troca de mensagens, me contou o que havia acontecido e disse: não sei o que tu pensas, mas disse que à atendente do Airbnb que sairíamos em 30 dias. Claro que eu concordei, porque não havia mais clima para ficarmos ali.

No mesmo dia, acionamos um corretor que havia prestado um bom trabalho na fase anterior e a OPAU, uma central de imóveis que tem aqui. Ou seja, voltamos à estaca zero.

No outro dia já começamos a visitar apartamentos outra vez. Pela OPAU, olhamos um bem interessante, todo reformado, perto da Universidade. Mas no sábado olhamos um que nos encantou, mesmo ficando mais longe da Universidade: passaria de 2,2km para 2,9km.

Claro que o apartamento era bem mais caro do que o que estávamos e ainda teríamos que pagar, além dos 800 euros, a luz e pedir a instalação de internet. A vantagem do Airbnb é que todos os custos estão incluídos no preço.

Quando da visita, comentei com a proprietária que eu precisava do contrato e da última fatura de água, luz ou gás para apresentar no Ayuntamento, para conseguir empadronar e isso era conditio sine qua non para que fechássemos o aluguel. Como a filha dela está empadronada aqui, ela precisava conferir se era possível que nós também assim estivéssemos. A resposta viria somente na segunda-feira. A torcida era grande!

Saímos a caminhar pela cidade, passando pelos bairros de Remédios e Triana, onde almoçamos. Depois fomos para o Torre Sevilha, um shopping aberto que tem aqui, muito legal.

Na segunda, veio a resposta. Era possível e para garantir o aluguel, precisávamos fechar o contrato até 30 de junho, mesmo saindo no dia 10. E naquela mesma noite tínhamos que pagar a fiança, no valor de um aluguel. Obviamente, decidimos por ele (a diferença entre o da OPAU e ele era de 50 euros mensais, mas não havia comparação entre eles!), que nos acomodaria de uma forma bem confortável.

A maior surpresa veio quando a proprietária disse que iria conosco, no dia seguinte, ao Ayuntamento, para nos empadronar. Conseguimos marcar a 'cita' para a terça-feira de manhã e lá nos encontramos. Ela nos apresentou como amigos dela e disse que estaríamos na casa dela durante um tempo e que ela autorizava o nosso empadromento aqui. Como era para escolarização da Valen, o empadronamento era mais rápido, sairia em até 3 dias úteis. E saiu na sexta-feira (21/01/2022).

Saímos dali e ela nos levou na escola onde a filha dela estuda. E lá preenchemos outra ficha pedindo a vaga para a Valen cursar o primeiro ano do Bachilerado em Ciências Sociais e Humanidades. A situação mudou um pouco quando ela, a proprietária, disse à pessoa que estava na secretaria da escola que a Valen estava fora da escola e que isso era proibido. Ele anotou na ficha que preenchemos, juntou a minha carta de aceitação da universidade e o protocolo do Ayuntamiento e enviou para a Secretaria de Educação. Menos de duas horas depois, me ligaram de lá, com as instruções: convalidar os documentos escolares da Valen e levá-los na secretaria da escola.

Na quarta, fui até o local informado, mas precisava de 'cita' (agendamento) para poder convalidar os documentos. Depois de muito vai e vem e uma ligação telefônica para o setor educacional, descobri onde exatamente eu tinha que ir e o que efetivamente eu tinha que fazer, Mas não consegui marcar a cita para o dia seguinte.

Depois disso, viemos assinar o contrato do apartamento e pegar as chaves, mas ainda não viemos ficar aqui. A proprietária comprou roupas de cama para nós, pois não temos nada. Já tínhamos até visto o preço para comprar, mas ela se antecipou, comprou e deixou aqui. 

Na quinta-feira decidimos fazer a mudança. Duas viagens de Cabify e as nossas coisas estavam aqui, no novo endereço. Antes estávamos em La Rosaleda, agora estamos em Heliópolis, bairros opostos na geografia da cidade. Estamos num apartamento completo, enquanto lá no outro não tínhamos nem forno elétrico, nem microondas e ainda não podíamos ligar dois aquecedores elétricos - que compramos - juntos, pois caía a chave. Aqui temos ar condicionado quente e frio em todas as peças, além de cozinha completa. Lá tínhamos um pequeno pátio, aqui temo um jardim enorme, pois estamos em um condomínio.



Nesse mesmo dia, fomos atrás de internet. Andamos um pouco, até que conseguimos. Compramos itens que estavam faltando, como toalhas de banho, de rosto, secador de cabelo, etc. A vantagem que tem muita loja de chineses, para todos os lados, com TUDO, simplesmente TUDO o que precisamos para uma casa. E, claro, tem uma a pouco mais de uma quadra daqui.

O apartamento está reformado e fica no terceiro piso. É um condomínio, inclusive com pátio interno. Tem uma vista linda do por-do-sol. É bem iluminado e tem duas sacadas. De fato, um excelente lugar, muito superior ao anterior.






Hoje o Jaime entrou em contato com o Airbnb e solicitou o cancelamento da reserva. Para tanto, era preciso alterar os prazos da reserva. Caso a proprietária aceitasse, o dinheiro seria/será parcialmente devolvido, descontados os dias em que lá ficamos. Claro que ela concordou na hora. Ela estava com medo de que ficaríamos eternamente no apartamento, porque pedimos para fazer o contrato privado... E ainda reclamou quando o Jaime solicitou a ela que abrisse a caixa do correio para poder pegar uma correspondência a ele endereçada... 

Enfim, hoje devolvemos o outro apartamento, tal e qual nós o recebemos. Agora é só esperar para ver se o dinheiro vai ser mesmo devolvido. Foi a primeira vez que tivemos problemas com anfitriões. Mas depois da reclamação que ela fez, não tínhamos mais como permanecer lá... acabamos deixando de gostar do apartamento e querendo sair de lá o mais rápido possível.

Como sempre acreditamos que o universo é perfeito, encontramos um lugar melhor, mais confortável e ainda com pessoas que nos ajudaram a resolver parte das questões burocráticas aqui. Estamos, agora, numa região mais nova, numa rua ampla, bem iluminada e ao lado do campus das ciências exatas da Universidade.

Vou ter que procurar outra academia aqui pela região ou ir de ônibus para a Atlas. Mas isso é apenas um detalhe. O que importa é que agora temos um contrato de aluguel até junho e uma casa para chamar de nossa! Já estamos empadronados e semana que vem a Valen deve começar na escola IES Ramón Carande.

Seguimos na torcida.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Retrospectiva 2021

 



Que ano! Que ano que passou voando! Que ano que aprontou todas! Que ano que trouxe coisas boas! Que ano que trouxe tantos aprendizados! Que ano que trouxe leituras interessantes! Que ano que trouxe viagens, mas para dentro! Que ano, senhoras e senhores! Que ano!

Fugindo do padrão das postagens de retrospectiva, em que descrevo, mês a mês, as viagens realizadas, vou fazer uma reflexão sobre o todo, sobre o nada, sobre o quase. Ou seja, uma viagem única, que atravessou doze meses loucos, ainda impactados por uma pandemia, que assumiu um certo ar de 'normalidade', principalmente depois que a tão sonhada, esperada e desejada vacina chegou (se você é contra a vacina, pode parar de ler aqui e fechar a página). Talvez de um 'novo normal'. Talvez de um normal anormal, não sei.

Passei o réveillon de plantão e fizemos um convescote em casa mesmo, com amigos. Pouquíssimas pessoas, pois havia limitação por conta das regras locais da pandemia. Ainda tudo muito controlado, cheio de dedos, de medos, mas já com alguma abertura, com a possibilidade de reunir algumas pessoas para confraternizar, o que já era bom.

Naquela oportunidade, tudo girava sobre a nossa viagem para a Espanha, para eu concluir meu doutoramento junto à Universidade de Sevilha. Diversas foram as despedidas. A cada encontro, pessoas diferentes e grupos reduzidos, pois tínhamos que evitar ao máximo que a Valen se contaminasse com o coronavírus (nós, eu e o Jaime, já havíamos passado por ele - ou ele por nós, não sei).

Saindo de casa, rumo à Espanha - fev/2021

Semana de embarque, correria total. Tudo organizado, seguimos para Porto Alegre para os testes de PCR dentro do prazo estipulado pelo governo espanhol. Teste feito, resultado - negativo - na mão (em inglês), último dia de trabalho. Uma mistura de cansaço, de ansiedade e de expectativa pairava sobre nós três. Faltando 24h para o embarque, recebo a notícia de que não poderíamos embarcar, porque a fronteira havia fechado três dias antes! Somente poderiam entrar na Espanha cidadãos espanhois ou andorranos ou pessoas com autorização de residência (que é diferente de um visto para estudante, que se limita, salvo exceções, a 180 dias). Corre para cancelar tudo (passagens, seguro viagem, apartamento) e volta para casa. Mas a decisão ia ser revista em duas semanas. Pensei: embarcaremos daqui a duas semanas! Doce engano! Passados dois meses, guardei as malas, voltei a trabalhar e segui acompanhando a situação na União Europeia. O Brasil estava na lista vermelha de países, ou seja: fronteira fechada para brasileiros em quase 100% dos países do mundo tendo em vista a péssima gestão da pandemia por aqui. 

Por dois meses, as malas ficaram assim, prontas, no meio da casa.

Foram duas semanas que se transformaram em 06 meses! A fronteira somente voltou a abrir no dia 24 de agosto! Meu visto havia vencido no dia 19. Começa tudo de novo: define novo período, espera carta da universidade, pede autorização de afastamento, aplica novo visto... tudo com prazos determinados e que precisam ser respeitados. Em resumo: marcamos a passagem para o primeiro dia possível após o início do recesso do Judiciário, pois eu não figurava na escala do plantão neste ano. O nosso visto saiu na semana da viagem! Foi tudo muito tenso! Se em fevereiro eu estava com as malas prontas duas semanas antes, agora eu as arrumei faltando dois dias para a viagem! 

E dezembro, então, chegou. E com ele nosso embarque. Mas havia outra situação: o visto de estudante me dava autorização para entrar na Espanha somente 15 dias antes do início na Universidade, ou seja, dia 27 de dezembro de 2021, e nosso desembarque estava previsto para o dia 20 de dezembro. Como estratégia, caso houvesse alguma reclamação na imigração, apresentaríamos passagens para Londres, para passarmos o réveillon lá e reingressarmos na União Europeia no dia 02/01/2022. Não foi preciso! No dia 20/12/2021 desembarcamos na Espanha já em definitivo. E aqui passamos o Natal e o Réveillon (escrevo de Sevilha, neste momento).

No desembarque, em Barajas - Madri - em dezembro de 2021

Além dessa narrativa que consumiu o ano inteiro, a viagem emocional foi de altos e baixos. Primeiro, o choque e a frustração do não embarque; depois, a esperança do reembarque a qualquer momento; em terceiro, a desesperança de um novo embarque ainda em 2021; por fim, a euforia misturada com o medo de não embarcar, outra vez, em dezembro de 2021. Do ápice ao fundo do poço em pouco tempo. Se racionalmente eu sabia que aquele não era o melhor momento para embarcar, emocionalmente era frustrante demais não poder embarcar. Sim, eu sei que estou olhando apenas para a minha situação, enquanto muitos sofreram perdas muito mais profundas durante o ano. Mas morar fora do Brasil, ao menos por um tempo, era um sonho acalentado desde a minha juventude! E, sim, nós também perdemos familiares e amigos para a covid-19 e nos solidarizamos com todos os que passaram por esta situação, diante da desorganização e negacionismo (ridículo!) que tomou conta do Brasil e que nos fez passar vergonha mundial. Mas aos 50 anos, nada pode ficar para depois! E eu tinha pressa!

Farroupilha

Para superar essa situação toda, além de um retiro à natureza que fizemos, eu e o Jaime, mergulhei fundo no trabalho. Preenchi meus dias com muitas tarefas que me fazem bem. Estudei, trabalhei, me exercitei, me cuidei, li muito. No entanto, leituras aleatórias, pois não podia sequer pensar em estudar a tese. Também diminui o ritmo dos eventos on-line. O formato, embora prático, cansou.

Vistoria das margens do Rio Taquari - Triunfo





Se viajei? Um pouco. Algumas idas a Porto Alegre. Várias para visitar meus pais e minha irmã. Uma ida ao Uruguai, para um casamento, mas sem passar a imigração (pois a fronteira ainda estava fechada para a via terrestre), com uma folga em Caçapava do Sul, numa pousada incrível chamada Vila do Segredo, para organizar a agenda do final do ano. E também conheci Santo Amaro, uma localidade que desde há muito eu queria conhecer. De avião, nenhuma até a vinda para a Espanha. Desanimei até das corridas, de que tanto gosto e que tanto me fazem bem. Enchi o saco das virtuais... Mas me encontrei em outros exercícios, que me mantiveram focada o ano inteiro, especialmente no final do ano, quando precisei cansar o corpo e a cabeça para não somatizar, para manter o equilíbrio emocional, já que a mente tentou me boicotar diversas vezes. Somos, é claro, nossos piores inimigos se não controlarmos a nossa mente. E isso para mim é cristalino.

Cais Embarcadero - Porto Alegre

São Lourenço do Sul

São Lourenço do Sul

Outra 'viagem' do ano foram as tatuagens que fiz. Pode parecer bobagem, mas eu não tinha nenhuma e fiz quatro de uma única vez. Registrei minha paixão por gatos e por viagens. Pela liberdade de ir e vir, por girar o mundo e aprender. Não contente, fiz outra, agora de mãe e filha com a Valen. Como eu disse antes, aos 50 anos, tudo é para ontem.





Em razão da pandemia, muitos lugares novos - e ao ar livre - surgiram na região. Aproveitei para conhecer vários deles, entre Estrela, Lajeado, Colinas e Imigrante. Fomos na Serra Gaúcha, também, ver as novidades do Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves/RS.

Parque da Lagoa - Estrela
Morro Thomas - Colinas

Morro Thomas - Colinas

Convento São Boaventura - Imigrante


Convento São Boaventura - Imigrante


Colinas



Caminhos de Pedra - Bento Gonçalves/RS

Ainda, além de publicar artigos, um deles na revista do MPRS, lancei dois livros. Em março, o Empreendedoras de Alta Performance - Edição Rio Grande do Sul e o Mulheres no Direito, em dezembro, ambos pela Editora Leader.





Ah, e uma das coisas mais legais: as corridas de rua voltaram a todo o vapor. E com elas, eu! Fácil não foi, pois estava sem treinar. Acabei diminuindo para 3k a minha distância, pois os 5k estavam me judiando muito. Em algumas provas tive até no pódio. Lembrando que em 2021 eu mudei de categoria. Agora corro 50-54, porque, sim, eu cinquentei em 2021!





Ao fim e ao cabo, foi um ano positivo. Foi um ano desafiador e de muita resiliência. Foi um ano que trouxe uma gratidão enorme todos os dias por poder acordar e desejar ao mundo bom dia. Em tempos de pandemia, estar vivo é o maior presente que podemos receber diariamente. E por isso, simplesmente por isso, temos que ser gratos. A cada dia que acordamos temos a oportunidade de fazermos diferente e de sermos a diferença num mundo tão cruel e mesquinho. A felicidade é, sim, uma escolha. Mas também é preciso se permitir sofrer pelo que nos inflige esse sentimento e disso tirar aprendizados para a vida, pois o copo pode ser visto como meio cheio ou meio vazio, dependendo do ponto de vista que você escolher. O universo é sempre perfeito. E vai te entregar aquilo que tu entregas para ele. 

Há  luz no fim do túnel. Vacinas salvam vidas.


É, o ano passou rápido demais. Juntou a velocidade do tempo com a velocidade do digital. Nossos parâmetros caíram, nossas crenças, também (embora outras possam ter tomado o lugar das antigas). Agora é hora de recomeçar. Aliás, todos os dias é hora de recomeçar. A troca de ano é mera formalidade do tempo gregoriano-capitalista. O que vale mesmo é o dia após dia, pois é sempre um novo despertar. Despertar para ser a diferença que queremos ver no mundo, para conquistar nossos sonhos, para sermos felizes, pois é isso o que realmente importa.

FELIZ 2022!



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Uma casa para chamar de nossa?

 



A saga do apartamento, parece, terminou hoje. Chegamos em Sevilha no dia 29 de dezembro, com um apartamento alugado pelo Airbnb para os primeiros dias (até o dia 07 de janeiro de 2022). Por ser final de ano, tudo estava mais caro, claro! Além disso, a oferta também não era muita. Elegemos um apartamento bem legal, na Calle Siete Revueltas, no Casco Histórico da cidade. Pequeno, sem qualquer luz solar, mas bem completo. Quando fiz a reserva, logo lembrei que dia 06 era feriado e tal e imaginei que teríamos tempo suficiente para encontrar outro apartamento para todo o período. A saga começou no dia seguinte, buscando imobiliárias por Sevilha e apartamentos no saite Idealista. Era 30 de dezembro e elas estavam funcionando (as que estavam abertas) em ritmo de plantão.




Estivemos em quatro imobiliárias naquele dia. Algumas nos prometeram contato, em outras não conseguimos nada, porque só alugam para 'larga temporada', ou seja, um ano ou mais. Caminhamos vários quilômetros e voltamos para casa sem uma definição. Falamos com o proprietário do 'nosso' apartamento, que nos ofereceu, por 1.000 euros mensais, um apartamento em Triana. Mandou o link. Gostamos e pedimos para ir ver. 

Na segunda-feira, voltamos a buscar imobiliárias. Encontramos a OPAU, que presta um serviço diferente: pagamos 300 euros para eles encontrarem um apartamento para nós entre os 25mil imóveis catalogados que eles possuem. Olhamos o primeiro na segunda mesmo. Inqualificável era elogio! A vantagem dele era a localização, praticamente ao lado da universidade. Mas descartamos na hora, pois não tinha nem como cozinhar... Liguei para o número de atendimento ao cliente, comuniquei e ficamos esperando novo contato, que só veio hoje, quarta-feira, informando novo apartamento, que só poderá ser visitado na sexta, nosso último dia aqui em Sete Revueltas...

Independentemente da OPAU, buscamos outros imóveis no saite Idealista. Fizemos diversos contatos e buscamos outras imobiliárias. Ontem estivemos em seis (!) e todas fechadas! Mesmo assim, a partir dos contatos feitos previamente, olhamos dois apartamentos no final da tarde. O primeiro era bom, pequeno, mas bom. O problema era, além da distância da universidade (mas tinha ônibus ao lado com linha direta), a ausência de internet... O proprietário exigiu mais documentos do que os apresentados para o visto, mesmo nós tendo dito que íamos pagar 'en efectivo y en adelantado'.  Tudo bem, afinal de contas as regras são as dele. O segundo apartamento, ali pertinho, era muito, mas muito bom e nos acomodaria muito bem. O problema era o mesmo: não havia internet. Enquanto o proprietário do primeiro se dispôs a contratar internet e nós pagarmos a fatura, a dona deste não fez esse movimento e ainda disse que tinha uma proposta para contrato de um ano. Ou seja, não havia interesse dela em alugar para nós.

Isso, aliás, foi um dos grandes problemas: os proprietários querem alugar para contratos anuais, que depois de renovam automaticamente por até 5 anos. Nós precisamos de algo para apenas 5 meses. E mais: se alugamos um apartamento, vamos dizer, 'normal', precisamos pedir a ligação de luz e de internet. Para isso, precisamos de conta em banco espanhol. Para abri-la, precisamos do NIE, o documento de identificação de estrangeiro, que demora uns 30 dias para ficar pronto. Ou seja, inviável!

Além disso, precisaríamos comprar roupas de cama e de banho, bem como coisas de cozinha, para depois deixar aqui ou enviar, de alguma forma, para o Brasil (ou pagar excesso de bagagem). Por outro lado, o preço. Numa localização ruim, não baixa de 600 euros. Numa localização mediana, são cerca de 800 euros. Numa localização melhor, sempre levando em conta a universidade, não baixa de 1000 euros, o que, para nós, é absurdamente caro, se considerarmos, em conta redonda, o euro a R$ 7,00! 



Hoje, então, foi o dia de irmos a Triana, ver o apartamento que o proprietário do que estamos hoje nos ofereceu, por 1.000 euros por mês. No início, desconsideramos essa proposta, mas com o passar dos dias, vimos que deveria ser considerada. O apartamento, cujo link ele mesmo nos mandou, era muito bom e acomodava 5 pessoas. Pois bem, chegamos lá hoje e... o apartamento era menor do que o que estamos agora,.. acomoda bem duas pessoas... Ou seja, inviável... Em contato com ele, me disse que enviou o link errado, que era o outro, o que de fato vimos, que era possível de locar pelo valor de 1.000 euros, mas que não nos servia... Saímos dali desnorteados e já de saco cheio da situação.

Sentamos num restaurante/bar, pedimos uma 'caña' (chopp) e entramos no airbnb para ver alguma opção. Na primeira busca, encontramos um apartamento que parece bom, bem avaliado, perto da estação de trem. Fechamos por três meses. Se for bom, depois reservo até o fim. Se não gostarmos, depois trocamos (até porque tem a possibilidade de irmos a Valência e a Burgos, também, o que só vou ficar sabendo depois que começar na universidade). Ou seja, parece que o universo é sempre perfeito.

Depois de confirmada a reserva, avisamos ao corretor de ontem, à proprietária do apartamento de hoje (aquele que só poderá ser visitado na sexta) e ao proprietário do nosso - que chegou a fazer uma proposta de 1000 euros neste em que estamos até 30 de março - que já havíamos conseguido um lugar para chamar de nosso pelos próximos dois meses. Ah, e no valor do aluguel estão todos os custos e, inclusive, internet, o que facilita muito a nossa vida. 



Nestes dias, caminhamos muito, mas muito mesmo. Exploramos Sevilha a pé, atravessando-a de ponta a ponta. Visitamos um sem número de imobiliárias, fizemos mil contatos. As dificuldades foram várias: sermos brasileiros, estarmos por pouco tempo aqui, o período do ano que viemos, enfim... Imaginávamos que conseguiríamos um apartamento bem legal para alugar, que não fosse turístico, para vivermos o mais local possível. Doce ilusão! Acabamos num airbnb, outra vez. Amanhã, Dia de Reis, é feriado aqui e vamos andar até o apartamento para conhecer a região e de lá vermos o trajeto até a universidade. E na sexta, faremos nossa mudança!


Até mais!






Mérida

 




Mérida é a capital da Comunidade Autônoma da Estremadura, sendo um dos maiores territórios do país. Em 2019, possuía cerca de 60mil habitantes. Consta que a cidade foi fundada como colônia romana em 25 a.C., por ordem do Imperador Otávio Augusto. Seu nome romano era, portanto, Augusta Emerita. Por estar dotada com todas as comodidades de uma grande urbe romana, foi a capital romana da Lusitânia desde a sua fundação.


Com as invasões bárbaras, a partir do século IV, Mérida continuou a ser uma importante cidade do Reino Visigótico, tendo sido sua capital, até que Toledo tomou esse posto. No ano 713, invasores muçulmanos conquistaram Mérida, transformando-a na capital da Cora de Mérida. Os moçárabes emeritenses rebelaram-se contra o Califado no século IX, tendo a cidade ingressado numa fase de declínio.



Mérida foi reconquistada pelas tropas cristãs de Afonso IX de Leão, em 1230. Em 1983, foi designada como capital da comunidade autônoma da Estremadura. Em 1993, foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, devido à sua importância histórica e monumental.


Nossa visita à Mérida, neste momento, foi rápida. Tínhamos que sair do hotel, em Cáceres, antes das 11h da manhã e somente poderíamos entrar no apartamento alugado em Sevilha depois das 15h. Ou seja, precisávamos fazer um tempo, já que a viagem não chegava a 300km. Decidimos, então, conhecer, ainda que parcialmente, Mérida, que fica no caminho. Aliás, não comentei no post anterior, a partir de Cáceres e até Sevilha, viajamos pela Ruta de la Plata, que ainda vamos explorar mais nos próximos meses.



Então, numa pesquisa rápida, elegi 4 pontos de visitação: o anfiteatro e o teatro romano, o templo de Diana, o alcázar e a ponte romana. A ideia não era entrar nesses pontos, mas apenas passar pela frente e ter uma noção da cidade, para, em outro momento, voltar. Ocorre que quando chegamos lá, decidimos pagar o ingresso (12 euros para mim, 6 euros para a Valen - por ser estudante e ter apresentado a carteirinha internacional emitida pela ISIC) para visitar as ruínas. O Jaime decidiu fazer o seu próprio passeio. Eu e a Valen entramos e nunca mais saimos de lá de dentro!


No anfiteatro, construído com cimento, eram realizadas as lutas entre gladiadores,  entre animais ou entre homens e animais. Foi inaugurado no 8 a.C. Nos extremos do eixo menor, que mede 41,2m, foram construídas duas tribunas, sendo que a do lado oeste era reservada para as autoridades e a do lado leste para quem financiava o espetáculo. O eixo maior mede 64,5m. Ao redor do anfiteatro, havia uma calçada que o circundava por completo. 



Era na arena, de forma elíptica, onde se desenvolvia o espetáculo. No centro foi escavada uma fossa e seu uso, provavelmente, era para o armazenamento das jaulas dos animais e de material cênico. Os combates em pares ou em grupo costumavam realizar-se à tarde. Era habitual que um árbitro e o seu ajudante fizessem cumprir as regras da luta através do uso da vara, no caso de ser necessário.


A música era outro elemento fundamental para marcar as fases do espetáculo, que começava com um duelo entre dois ginetes a cavalo, para depois combaterem em duelo, segundo armas e experiência.


Duas largas galerias permitiam, além do acesso à arquibancada, que foi construída aproveitando o desnível da colina, a entrada dos gladiadores à arena. segundo historiadores. O acesso principal ao anfiteatro era por onde saía, também, o gladiador vencedor. No anfiteatro, mulheres e homens podiam sentar juntos e, por ordem do imperador, as bancadas mais altas eram destinadas aos escravos e pobres.



 No anfiteatro, usado entre o século I e IV, os gladiadores prisioneiros de guerra, escravos e delinquentes eram condenados a  lutar na arena, embora alguns homens livres elegiam lutar como forma de viver. Interessante, também, eram os tipos de gladiadores.


O gladiador desafiante é um SECUTOR, pois espera iniciar o combate. Um capacete protege sua cabeça dos golpes. A lança, o grande escudo, a caneleira (espinillera) e as placas de metal que cobrem o braço completam as armas que melhor o identificavam. 


O RETIARIO se identifica pela rede que lançava atrapanhando o oponente, sendo que a recuperava graças à corda presa às suas mãos. O braço que utilizava para manejar esta arma era protegido com tiras de telas e pedaços de couro sobre os quais atava placas metálicas, que chegavam a cobrir o ombro e o pescoço. Era o único gladiador que não usava capacete. Suas armas lembravam a atuação de um pescador e não de um soldado.

O MURMILLO se esconde atrás de seu escudo retangular e ataca apenas para dar o golpe final. Ele se diferenciava por sua espada, escudo e pelas proteções dos braços e das pernas. Um grande capacete cobría sua cara. Ele somente enxergava de frente, por pequenos orifícios.

Os gladiadores se formavam numa escola, chamada Ludus. Ali treinavam e viviam junto à sua família até sua liberação ou morte. A vida média de um gladiador era de 27 anos. No século I, o imperador Augusto proibiu a morte na arena, o que foi levantado pelos imperadores seguintes. A luta entre gladiadores premiava a habilidade nos movimentos e a força, mas eram frequentes os golpes, cortes e ferimentos que deformavam com cicatrizes o corpo e o rosto dos lutadores. A alimentação era à base de cevada, feijões e carne, para render mais. Infusões com cinzas de ossos e madeira ajudavam a fortalecer os ossos. Nas noites anteriores aos combates, era oferecido aos lutadores um jantar especial e abundante. A deusa Nêmesis era a protetora dos gladiadores.



Logo ao lado do anfiteatro, está o Teatro Romano, que foi mandado construir pelo cônsul Marco Vipsanio Agripa, tendo sido inaugurado entre os anos de 16-15 a.C. É um dos mais relevantes monumentos da cidade e, desde 1933, alberga o Festival do Teatro Clássico. Está composto por um terraço com capacidade para 6 mil espectadores, divididos em três setores, de acordo com a divisão social vigente na época, sendo que os espaços na frente do palco era reservado para senadores e magistrados. As partes mais altas eram reservadas para os escravos e para as mulheres, que não podiam se sentar com os homens.







Bem, essa visita foi uma aula sobre o Império Romano. Ficamos todo o tempo possível dentro desse sítio arqueológico, que está muito bem preservado. Mérida, aliás, é considerada a mais romana das cidades espanholas. Certamente voltaremos para ver o que ainda temos para ver. E o Jaime? Ele me disse que foi conhecer o estádio de futebol, a loja do time local e a Plaza de Toros. Quando ele voltou, estávamos prontas. Comemos algo e seguimos para Sevilha.


Olhando numa escala geracional, nós somos as futuras gerações dos que habitavam essa região e que lutaram nessa arena. E que lindo é poder pisar o mesmo chão, sentar na mesma arquibancada, entender um pouquinho como era a vida nessa tão longínqua época. E nós, estamos sendo um bom ancestral com o nosso patrimônio histórico para que as futuras gerações possam, também, um dia desfrutar disso tudo? Nós temos o dever de entregar a elas o patrimônio que recebemos e o que construímos.


Até o próximo post!