Há muitos anos atrás, uma amiga me mostrou as fotos (ela o havia visitado) e me contou a inquietante história deste local e, imediatamente, tive vontade de conhecê-lo. Como pode um castelo atravessar um rio?
Na viagem, abri mão de visitar outros castelos internamente, mas isso não era verdade quando se tratava de Chenonceau. Ele estava muito dentro da lista e sua visita, com calma, era uma das mais esperadas. E ele não me decepcionou!
Chenonceau é conhecido como o Castelo das Sete Damas em razão de sete fortes mulheres que ali habitaram. O prédio original foi destruído em 1411, por um incêndio, tendo sido reconstruído por Bohier entre 1515 e 1521. As obras foram supervisionadas por Catherine Briçonnet, sua esposa.
Em razão de dívidas, o prédio passou para a Coroa, ainda na época de Henrique I. Seu filho, Henrique II, entregou-o à sua amante, Diane de Poitiers, a inquestionável senhora do palácio. Ela mandou construir a ponte arcada, de um lado a outro do Rio Cher, e supervisionou o plantio dos jardins, que são maravilhosos.
Após a morte de Henrique II, em 1559, a viúva e regente Catarina de Médicis mudou-se para o local, determinando que Diane de Poitiers dali saísse e fosse para o Château de Chaumont-sur-Loire. Era desde o Gabinete Verde que ela comandava a França.
Em 1560, seu filho Francisco II ascendeu ao trono e na festa, os primeiros fogos de artifício de que se tem notícias, estouraram. O local já era conhecido pelas grandes e luxuosas festas oferecidas por Catarina, que mandou construir esse enorme salão, em 1577, chamado de A Grande Galeria, que atravessa a ponte e possui 60 metros de comprimento por seis de largura, uma das marcas características do lugar.
Catarina morreu em 1589 e o castelo passou para a sua nora, Louise de Lorraine-Vaudémont, esposa de Henrique III. Com a morte do marido, Louise entrou em depressão e passou a vagar pelos cômodos, que receberam tapeçarias pretas, caveiras e ossos cruzados. Acabava, assim, a época das grandes festas.
A favorita de Henrique IV, Gabrielle d'Estrées, habitou o palácio a partir de 1624. Na sequência, o Duque de Vendôme, César de Bourbon, filho de Louise, e sua esposa, a Duquesa de Vendôme, Françoise de Lorraine, assumiram Chenoneceau.
Em 1720, o Duque de Bourbon comprou o castelo e o vendeu a Claude Dauphine e sua esposa Madame Louise Dupin, que trouxe a vida de volta ao palácio. Ela passou a receber os líderes iluministas mais importantes: Montesquieu, Voltaire, Buffon, Rousseau, etc.. Reza a lenda, inclusive, de que foi ela quem retirou o 'x' do nome, pois se escrevia Chenonceaux.
Atualmente, o castelo pertence à família Menier, conhecida por seus chocolates. A aquisição se deu em 1913.
A capela encontra-se logo na entrada, lado esquerdo, sendo acessível a partir da Sala dos Guardas, em que funciona o centro de visitantes. Os modernos vitrais são de autoria do mestre vidreiro Max Ingrand (1954).
Esta cama se encontra no Quarto das Cinco Rainhas, sendo duas filhas de Catarina de Médici: Margarida de Valois, Rainha Margot (esposa de Henrique IV), Isabel de Valois (esposa de Filipe II de Espanha), e três noras: Mary Stuart (esposa de Francisco II), Isabel da Áustria (esposa de Carlos IX) e Louise de Lorraine (esposa de Henrique III).
Na base das duas primeiras fundações assentes no leito do rio, estão as cozinhas do Castelo, sendo que uma ponte atravessa de uma a outra, existindo uma plataforma para facilitar o acesso dos barcos com mantimentos. Na foto acima, o fogão (uma espécie de lareira gigante); abaixo, a coleção de facas.
No chão do Castelo, pode-se observar as iniciais de Henrique II e Catarina de Médici: "H"s e "C"s entrelaçados que podem ser considerados como formando "D"s de "Diane".
São muitas as obras de arte que se pode observar no castelo, embora muitas tenham ido para Versailles. Reserve, no mínimo, 2h para visitá-lo com calma (sem os jardins!).
Este é um resumo da história desse Castelo. Uma pena que não pudemos visitar os jardins (exite o de Catarina e o de Diane), porque estava chovendo. São as agruras de quem gosta de viajar no inverno...
Há guias de papel em diversos idiomas, que acompanham o valor do ingresso. Mas você pode baixar o aplicativo e ouvir no seu smartphone.
Bon voyage!