domingo, 27 de maio de 2018

Robben Island, uma experiência marcante



Robben Island é visita obrigatória para quem vai a Capetown, até para entender um pouco mais sobre o Apartheid, o regime de segregação racial que imperou no país entre 1948 e 1994. Este regime foi adotado por diversos governos de minoria branca e determinou o cerceamento de direitos da maioria da população, que é negra. Nelson Mandela é a grande personagem desse período e esteve preso em Robben Island, como preso político de altíssima periculosidade, pois participava de eventos e passeatas em prol dos direitos dos negros.

Claro que a história é muito mais complexa que isso e discuti-la aqui não é o ponto. A questão é que a visita a Robben Island deve estar prevista no seu roteiro. Se não for pela história, que seja pela bela vista que se tem da Table Mountain.

Então, vamos lá. A grande dica desse passeio: reserve antes e reserve para os primeiros dias da sua estadia pela cidade. E eu explico o porquê disso. Primeiro, as filas são enormes para comprar os tíquetes (você pode comprar pelo saite mesmo). Segundo, e mais importante: o passeio só sai com condições climáticas favoráveis, já que a navegação demora cerca de 45min pela Baía da Mesa, local de muito vento. Por fim, existe uma limitação de pessoas para visitar a ilha por dia e é um passeio muito concorrido.

Já no primeiro dia de aula, busquei comprar os ingressos para o tour e só consegui agendamento para a semana seguinte, terça-feira. Nesse dia não havia condições climáticas e o passeio foi cancelado. Fomos avisados e o valor podia ser estornado no cartão de crédito ou podia haver o reagendamento, minha opção. Consegui jogar para a quinta-feira, penúltimo dia na cidade. O passeio saiu, mas até a última hora fiquei com medo de não poder embarcar. E para trocar o dia, precisei ir até o guichê no local de embarque (Nelson Mandela Gateway, no Victoria & Albert Waterfront) para fazer a troca. Como fui em horário alternativo (à tarde), não havia fila nos guichês. 

O último horário de barco para a ilha é às 13h. Então, pela manhã a muvuca está garantida. Aliás, a muvuca está sempre garantida por ocasião do embarque...




 O catamarã é grande e você pode optar por ir sentado na parte interna ou externa. Não se esqueça de um agasalho para te proteger do sol, da chuva ou do vento. E protetor solar é item obrigatório. Claro que fui na parte de fora, bem em cima, curtindo o vento frio na cara. Como prêmio, vi baleias na baía.



Quando se chega na marina da ilha, essa é a vista que se tem. Aquele prédio marrom, na esquerda, é a lojinha da ilha, onde você compra seu souvenir...



Na chegada você tem duas opções: ou caminha até o presídio para a visita guiada ou embarca num ônibus que faz um tour pela ilha. Foi o que fiz.




A ilha, que foi descoberta em 1488, por Barolomeu Dias, já foi usada como posto de reabastecimento de portugueses, ingleses e holandeses. Ela possui 5,4km de comprimento por 2,5km de largura e está situada a 11km da Cidade do Cabo. Seu nome significa, em neerlandês, Ilha das Focas, porque além de museu, é um santuário natural, também.

Depois, ela passou a abrigar os leprosos. Muitos deles morreram no local e ali foram enterrados, pois havia a suspeita de que se fossem enterrados no continente poderiam contaminar a população local.


Somente após esse período é que ela foi transformada em presídio de segurança máxima. Para lá eram levados criminosos perigosos, com penas de morte ou prisão perpétua e, no regime do Apartheid, presos políticos.

Seguindo o tour, passamos pelo canil, onde os cães eram treinados e acomodados. Passamos pela Igreja, pela escola e pela vila dos moradores da ilha, que são poucos. Contou o guia que é possível agendar casamentos na pequena igreja, mas o preço é bastante alto para isso.




Um pouco mais adiante, paramos num pequeno comércio local. Para vender, salgados, biscoitos, água e café. Dali, uma vista (que deve ser linda em dias abertos) da Table Mountain.



Na sequência, passamos pela Pedreira, onde os presos trabalhavam sob forte vigilância. Ali, também, eles conseguiam conversar a articular em prol dos direitos humanos. No final do trajeto, chegamos a esta pequena mesquita, chamada  Santuário de Moturu Kramat.




Na descida do ônibus, somos recebidos por um dos guias da prisão, ex-presidiário do local. Nosso guia foi Ntando Mbatha, que esteve preso entre 1986 e 1990. Ele nos contou como era a vida lá dentro, as regras, a forte fiscalização.



Esses beliches só foram colocados no presídio após uma visita da ONU e a determinação de que camas fossem providenciadas aos presos. Até então, eles dormiam no chão.




Acima, o registro dos presos. Abaixo, o cardápio que lhes era servido. Na teoria, apenas. 



Essas caixas cinza eram para os presos guardarem seus pertences particulares. E aquela caixinha acima à esquerda era para os policiais ouvirem sobre o que eles estavam conversando nas celas. Privacidade zero, inclusive no banheiro.




Da janela se vê o pátio interno, onde os presos tomavam banho de sol. Ali tem algumas flores que foram plantadas por Madiba, como Mandela era conhecido.



Essa foto traduz a 'expectativa x realidade'. Como as visitas acontecem somente em grupos, o corredor do presídio fica assim, lotado. Ou você acompanha a multidão, ou fica para trás e perde a explicação... você escolhe!


Finalmente chegamos na cela mais importante, localizada na Ala B, dedicada aos líderes políticos: a que abrigou Nelson Mandela durante 18 anos, dos 27 em que ele esteve preso. Foi ali que ele rascunhou seu primeiro livro,  chamado de Longa Caminhada até a Liberdade, que foi publicado em Londres graças a um amigo que estava por sair da prisão e levou consigo, escondido, a segunda versão, pois a primeira, que estava guardada no jardim, foi descoberta pelos policiais, apreendida e destruída. O local está preservado desde o dia em que ele foi embora.


Depois da visita, voltamos ao píer. E de lá para o continente. 

No Google você pode fazer uma visita guiada virtual. Basta clicar aqui e curtir.

E se quiser saber mais sobre a vida de Mandela, indico esse livro autobiográfico:



domingo, 20 de maio de 2018

Sea Point: para mim, o melhor de Cape Town



Finalmente um dia de sol! Depois da aula, viemos para Sea Point almoçar. Escolhemos o excelente La Perla, na Beach Rd, em frente às piscinas públicas. 



Depois do almoço, seguimos caminhando pela beira-mar, na direção do Waterfront. Muitos prédios lindos, bons hotéis e variada opção gastronômica fazer desse lugar o mais legal, no meu sentir, da Cidade do Cabo. Na próxima ida para lá, vou me hospedar aqui.




Esse parque é bem grande e tem, além de instalações de arte, parquinho para a criançada e muito espaço para piqueniques e para curtição. Diríamos nós, gaúchos, um belo lugar para um mate.



Tem as ruínas de um banho romano, bem próximo ao mar. O acesso é proibido porque virou ponto de prostituição. Aliás, interessante olhar a placa da Graaf's Pool...








Já bem próximo ao Waterfront, encontramos o Estádio de Futebol que sediou a Copa do Mundo da África (parece que o Brasil jogou aí uma partida). Atualmente, subutilizado, para variar...


Encerramos a caminhada no point de todos os dias: Waterfront, o shopping mais legal que já conheci.



Foram 5km caminhando e curtindo esse visual inesquecível de Sea Point.