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Fusca em que eu atravessava o RS na 'cachorreira' |
O grupo Viagens
em Família do Facebook está promovendo a 3ª Blogagem Coletiva deste ano. Para
quem não lembra, contamos sobre as nossas viagens em família (leia aqui) e depois, em
homenagem ao Dia dos Pais, contamos sobre os nossos perrengues em viagens (leia aqui). E
agora vamos narrar como eram as nossas viagens quando éramos crianças.
Bem, a gente,
em razão da profissão do meu pai, vivia mudando de cidade. Em uma determinada
época, morávamos em Frederico Westphalen, cidade que hoje moro por razões
profissionais, enquanto meus avós e tios moravam em Jaguarão (terra da Felipe, o Pequeno Viajante), ou seja, a mais de 700km de distância entre uma e outra.
Então, toda a vez de visitarmos a família, cruzávamos o Estado do Rio Grande do
Sul de norte a sul. Era, literalmente, uma viagem.
Mas o detalhe é
que, naquela época, as estradas não eram totalmente pavimentadas. Sim, queridos
leitores, era estrada de chão! E o meu pai tinha... um fusca! Saíamos de
Frederico depois do expediente de sexta-feira (pelas 18h), viajávamos a noite
inteira e chegávamos para o almoço na casa do meus avós. No domingo cedo,
começávamos a retornar. Nestas viagens, eu ia na ‘cachorreira’, o famoso
porta-malas do fusca. Minha mãe me arrumava uma cama e ali eu viajava direto.
Cinto de segurança? Isso era luxo! Pra quê? O fusca não passava de 80km/h...
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Laranjal |
Depois, nova
mudança. Fomos morar em Pinheiro Machado, popular ‘Cacimbinhas’. Dali fizemos
algumas viagens interessantes. Nos verões, íamos à Praia do Laranjal, em
Pelotas. Era o máximo. Ficávamos na casa de uns amigos e o banho era
obrigatório na hoje poluída Lagoa dos Patos.
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Laranjal |
A evolução
aconteceu quando passamos a veranear no Cassino, a maior praia do mundo. Íamos
de barraca, para o camping municipal, que ficava uns 3km da praia. Certo dia,
saímos cedo para aproveitarmos o dia na praia. Éramos eu, minha mãe e um casal
de amigos que nos acompanhava no acampamento. Meu pai, óbvio, ficara dormindo
na barraca e somente depois iria nos encontrar na praia. Durante a caminhada, o
nosso amigo cumprimentava efuzivamente todas as pessoas por que cruzava. Se estavam
na área de casa, tomando chimarrão, parava no portão e puxava assunto como se
fosse bem conhecido e íntimo daquela família. Perguntava por todos e mandava
abraços, mas jamais dizia quem era. Depois, seguia o rumo, enquanto nós 3 nos
dobrávamos de rir.
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Vagonetas no Cassino |
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Porto de Rio Grande - Porta-aviões Minas Gerais |
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Navio encalhado - Cassino |
Noutro dia,
minha mãe cozinhou uma lata de leite condensado para a sobremesa. E, claro, que
eu abri antes dela esfriar e comemos até o fim. Resultado: sérios problemas
estomacais se sucederam. Só voltei a comer leite condensado cozido depois de
algum tempo...
Com este mesmo
casal viajamos, em outro verão, para Torres. O carro era um Chevette. Nele, nós
os 5 (eu era a única criança), toda a bagagem, uma barraca e todos os
equipamentos para camping. O carro não andava, gemia Freeway (BR-101) a fora.
Chegamos, ficamos uma semana acampados e, certo dia, fomos procurar a freira da
propaganda da praia de Morro dos Conventos/SC... Claro que não a encontramos...
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Catedral de FW |
Outra aventura inesquecível foi a viagem que fizemos para Foz do Iguaçu. Isso foi nos idos de 1983 e nós saímos de Cacimbinhas para visitar uns tios que viviam naquela cidade. Carro arrumado (acho que era um Passat), pegamos a estrada. Estávamos nós, eu, meu pai e minha mãe, e uma tia muito religiosa.
Como já fazia alguns anos que tínhamos saído de Frederico Westphalen, passamos uns dois dias ali revendo os amigos para depois seguirmos viagem para Foz. A ideia era atravessarmos o oeste catarinense e, para diminuirmos o caminho, atravessaríamos a estrada de chão que corta o Parque Nacional de Iguaçu, hoje trancada para o tráfego. Mas meu pai, enquanto não fez esse caminho, não sossegou.
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Sociedade Aquática Barrilense - FW |
Pois bem, nosso trajeto não era totalmente pavimentado e o tempo não colaborou. Chovia muito e o barro vermelho cobria o pneu até a sua metade. Começou a anoitecer. Estávamos quase em pânico! Minha tia rezava muito, pois estava apavorada! Tivemos que ser rebocados de trator em duas subidas da estrada. Muitos carros e até ônibus estavam atolados...
Finalmente chegamos na barca que tínhamos que atravessar para pegarmos a tal estrada do parque. Muitas placas alertavam que não era permitido parar o carro e descer porque havia o risco de os animais atacarem.
Depois de muito andarmos, quebrou o cano de descarga do carro na estrada empedrada. Noite escura e o carro naquele barulhão, afastando todo e qualquer bicho que pensasse em se aproximar de nós. O pai parou, desceu, arrancou o pedaço do cano e com o carro roncando, seguimos viagem.
Chegamos em Foz do Iguaçu por volta de 22h. Quando meu pai perguntou para a minha mãe o endereço dos meus tios, ela começou a revirar a bolsa e tudo o que encontrava pela frente procurando o bilhete com o endereço. Claro que ela não encontrou... tinha ficado sobre a mesa da cozinha... Não tínhamos como contatar com meus tios, pois inclusive o telefone tinha ficado lá e naquela época nem se sonhava em GPS e celular. Solução: fomos para um hotel para passarmos a noite e, no dia seguinte, telefonamos para a empresa que o meu tio trabalhava dentro da Itaipu Binacional e ele foi nos buscar no hotel e nos levou para a sua casa.
O mais legal
dessa viagem foi a visita que fizemos à Itaipu Binacional. Onde hoje é o grande
lago, andei de Kombi. Passei pelas turbinas, por cima da barragem, por todo o
canteiro de obras. Visitamos as Cataratas, o Marco das 3 Fronteiras, fomos à
Ciudad Del Este, que naquela época se chamava Puerto Strossner, e pela primeira
vez fui a um aeroporto ‘ver’ um avião. Lembro do calorão e do papagaio do
vizinho que vivia mais lá na tia do que na casa dele. Engraçado como algumas
coisas marcam a nossa vida, não é mesmo?
Uma outra
viagem que lembro é a primeira ida a Gramado e Canela. Mas lembro muito pouco, apenas de
uma foto que tirei no jardim do Hotel das Hortênsias e da Cascata do Caracol. Nada mais.
O mais legal é que
sobrevivemos a tudo isso e hoje me proponho a levar a minha filha para viajar
junto comigo, pois é uma experiência inesquecível.
Leia sobre
outras viagens nos links que seguem:
Até a próxima blogagem coletiva!