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imagem de divulgação blog da Tam |
Eu já comentei sobre o Programa Comandante Kid da empresa TAM aqui. Minha viajante está inscrita no programa há alguns anos, com o nosso conhecimento e total concordância da sua participação. Entendemos ser um excelente programa para incentivar crianças a viajar e a conhecer o mundo aeronáutico e, até, talvez, despertar novos futuros comissários e pilotos.
Em diversos voos que fizemos ela sempre me cobrava o crachá, pois tinha que 'trabalhar'. Na verdade, ela se apresenta na entrada da aeronave ao Comissário Chefe de Cabine, que imediatamente a anuncia no sistema de som como integrante da equipe de voo. Como é costume na TAM, os Comandantes Kids são obrigados, digo convidados a servirem as balas antes de o procedimento de taxiamento começar. Ou seja, a aeronave ainda está parada em solo. Um dos comissários vem até o lugar onde está sentado o Comandante Kid, pergunta se a criança tem interesse e pede a concordância dos pais. A Valen estava sempre pronta e nós sempre imediatamente concordamos, pois entendemos que, para ela, isso faz parte da magia de voar.
No voo que fizemos agora em janeiro de POA para GRU, ela, portando seu crachá, apresentou-se na entrada da aeronave, como sempre. Foi cumprimentada por todos e anunciada no sistema de som. Mas estranhou não ter sido convocada convidada para servir as balas, o que também nos causou estranheza e surpresa, a ponto de perguntarmos o motivo.
A Comissária Chefe pediu desculpas, mas explicou que ela não podia forçar convidar a Valen para a atividade porque a empresa estava sendo processada por trabalho infantil. Oi?! E que se caso houvesse alguma denúncia a empresa seria multada e ela responsabilizada. Oi, de novo?!
Nós adultos entendemos a situação e o que não tem solução, solucionado está. Mas como explicar para ela que ela não poderia mais ajudar nos voos? Agradecemos a explicação e ficamos na expectativa de que no próximo voo, agora internacional, ela seria convocada convidada a auxiliar. Não! Nada! Ficou frustrada de novo, chegando a me questionar se havia outra empresa com o mesmo programa, pois ela gostava muito de toda essa função.
Aí eu me questiono: que espécie de trabalho infantil é este em que os pais inscrevem (logo, autorizam) os filhos num programa de incentivo para que as crianças, que sonham com esse mundo de aviões, possam conhecer e vivenciar a sua rotina, ainda que só um pouquinho? Que pais seriam loucos, em sã consciência, de autorizar uma atividade para o filho fazer que lhe pudesse causar qualquer dano? Que espécie de trabalho infantil é este em que as crianças são convidadas a participarem de uma atividade com a aeronave ainda em solo? Eu realmente não consigo entender a lógica, por mais que eu tente! E acho que a TAM deveria, sim, continuar a alimentar sonhos.
Trabalho infantil eu vi no interior do RN (lá em 2001, mas que dever perdurar até a atualidade), crianças com facas na mão, descascando mandioca para a fazer farinha nas casas de farinha. Onde está a fiscalização? Onde está a fiscalização no trabalho da cana de açúcar? Esses dois exemplos, definitivamente, não se coadunam com o descrito acima, me perdoem os entendidos. São duas situações muito, mas muito diferentes.
Enfim, eu precisava escrever esse desabafo, porque não vejo - não consigo, por mais que eu tente - trabalho infantil nessa situação. E acho uma injustiça com os Comandantes Kids que esperam por tão especial momento. Isso parece coisa de gente azeda com a vida, que vê pelo em ovo e não vê o lado positivo da ação.
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