segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Madri

 


Como já contei aqui, nossa vinda para a Espanha foi motivada pelo meu doutorado sanduíche, que começa no dia 10 de janeiro de 2022, junto à Universidade de Sevilha. Como em fevereiro houve o fechamento da fronteira três dias antes do nosso embarque, desta vez decidimos vir no primeiro dia possível após o início do recesso do Judiciário, depois de confirmarmos que eu não teria plantão nesse período (no último reveillon estava eu nessa tarefa). Embarcamos, então, no dia 19 de dezembro para uns dias de férias por aqui, depois desses dois anos pesados - de trabalho e de isolamento - por que passamos todos. Decidimos, ainda, ficarmos uns dias em Madri e depois pensar em algo até chegarmos em Sevilha.


Ficamos uma semana em Madri. O Jaime e a Valen já conheciam a capital espanhola, pois em 2015, durante a nossa Primeira Expedição Europa, estivemos nela uns dias. Eu vim outras duas vezes (em 2017 e 2018) com a Univates, para apresentar trabalho em eventos na Universidade de Sevilha, sempre com uma passadinha por Madri. E agora viemos de novo, todos juntos.

Alugamos um apartamento pelo airbnb na Calle Atocha, nº 74, que foi excelente custo-benefício. Está perto da Estação de Atocha, a principal de Madri, e na porta do prédio está a estação Anton Martín, do metrô. Além disso, está perto da Puerta del Sol e, também, da Gran Vía (para quem gosta de caminhar, como nós).




Não tínhamos roteiro pré-definido e tínhamos que pensar os dias seguintes. Eu queria mostrar a eles alguns lugares que conheci nas oportunidades em que estive sozinha pela cidade e queria descubrir novos lugares com eles. Antes de sairmos do Brasil, decidimos que, em um dos dias, iríamos conhecer Ávila, como contei aqui, que havia ficado para trás lá em 2015. E decidimos, também, visitar o museu Thyssen-Bohnermisza, que também estava naquela lista.




Então, andamos muito por Madri. Parque do Retiro, Fuente de las Cibeles, Gran Via, centro histórico, Puerta del Sol, Plaza Mayor, Mercado de San Miguel, Jardines Reales, Templo de Debot, Plaza España... Foram dias de muitos quilômetros caminhados, sob sol ou chuva. Encontramos até con Van Gogh, em uma exposição incrível (que vi que chegará ao Brasil em março de 2022, em SP). E nós recomendamos a experiência para quem puder ir.


 


  

Bueno, algumas fotos dos nossos dias em Madri:

Um dos antigos portões da cidade

Plaza Espanha

Mercado de San Miguel

Congresso dos Deputados

Uma parte do Museu do Prado

Parque do Retiro

Madri é sempre encantadora. Pegamos uns dias de chuva, mas mesmo assim foi possível aproveitar a cidade.

Abraços desde Espanha


quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Ávila

 



Ávila é a capital da Província de mesmo nome, que integra a Comunidade Autônoma de Castilha e Leão. Está a 1131m acima do nível do mar, sendo, assim, a capital de província mais alta da  Espanha. A cidade foi fundada pelo Rei Afonso VII, no século XI. A muralha de estilo românico que circunda a cidade histórica é a grande atração e pode ser parcialmente visitada. O ingresso custa cinco euros por pessoa. A cidade é Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1985, quando assim foi declarada pela UNESCO.

Ávila estava na programação da nossa primeira Expedição Europa, mas uma nevasca impediu que chegássemos até ela a partir de Segovia, onde estávamos. Quando decidimos vir para Madri, para uns dias de férias, logo decidimos ir conhecê-la. E o passeio saiu no dia 22 de dezembro de 2021. Como contei aqui, compramos os tíquetes e, mesmo antes de amanhecer o dia, saímos de casa rumo à Estação Atocha. Daqui seguimos com o Renfe Cercanías até a estação Príncipe Pio e de lá tomamos o trem para Ávila. Mais ou menos 20 minutos para cumprir o primeiro trecho e 1h40min para o segundo.


Fizemos o trajeto completo que é possível fazer sobre a muralha. A cada torreão, uma vista diferente. O ingresso custou cinco euros por pessoa, sendo que a Valen, por ser estudante, com carteirinha internacional emitida pela ISIC, pagou 3,50 euros. 

Quando finalmente descemos, saímos à procura de uma restaurante para comer 'chuletão de cordero', prato típico de Ávila, conforme eu li em outro blog. Encontramos o Restaurante Cocó e a garçonete me explicou que em Ávila se come 'ternera' e não 'cordero'. Que o prato típico daqui é 'chuletão de ternera'. Bem, aceitamos a proposta e nos deliciamos com os pratos locais.

 

Pedimos um menu degustação para duas pessoas, com direito a duas entradas, o chuletão, uma bebida (podendo ser 'una copa de vino') e sobremesa. A Valen optou por hambúrguer.

  

Na foto da esquerda, Judías del Barco de Ávila e na da direita, Patatas Revolcones. Se tiver que escolher um dos pratos, o da esquerda, sem sombra de dúvidas! Depois, veio o chuletão de ternera de Ávila. Aprendi, a pior maneira, que aqui se pede a carne ao ponto. Pedi ao ponto menos e não consegui comer. Tive que pedir para voltar para o fogo.


De sobremesa, Creme de Manga e Torta de Queijo. Foi para terminar com o povo!


Voltando na direção da Catedral, vimos numa vitrina as famosas Yemas de Santa Teresa. Era óbvio que precisávamos comer! Compramos e... amamos. Gema e açúcar é a receita. 



   Decidimos visitar a Catedral del Salvador por dentro. Ela é considerada a primeira catedral gótica da Espanha, com um pé direito de 28m de altura. Na arquitetura, tem influência francesa. Foi projetada para ser fortaleza e para ser templo, sendo que a parede do fundo se confunde com a muralha. Há muitas obras de arte em seu interior, sendo alguns altares banhados a ouro.



Depois de concluir a visita, terminamos de ver a muralha do outro lado. O sol começou a cair (tinha previsão de chuva e São Pedro colaborou com o tempo bom) e a temperatura, também. Já era hora de voltar para a estação, para esperar o trem - que partia às 18h12min - de volta para Madri.

Mais um destino espanhol riscado do nosso caderninho. Vale a pena um bate-e-volta lá.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Algumas definições 'administrativas', vamos dizer assim



Nosso segundo dia por aqui foi de decisões e de resoluções. Decidimos manter a ideia de alugar um carro para ir para Sevilha. Nosso aluguel aqui termina no dia 26 de dezembro, dia em que iremos começar a viagem para a nossa sede principal por aqui. 

Precisávamos definir, também, sobre a ida para Ávila, cidade que estava no nosso roteiro de 2015, mas que, por conta de uma nevasca, não conseguimos ir. Para isso, era preciso comprar o tíquetes de trem e ver como chegar lá e o que fazer por lá.

Por fim, era preciso encontrar chip de telefone para nós três. Na vinda, comprei um da SkillSim para 5 dias em Guarulhos, para poder dar notícias à família de que havíamos chegado bem. O preço? 80 dólares (mais ou menos R$ 480,00)! Um absurdo de caro, mas salvou a nossa entrada na UE, porque precisávamos apresentar o QR code, que tinha sido enviado pelo e-mail. Logo, já se pagou. Claro que comprei apenas um e pelo prazo mínimo.




Enfim, decidimos ir para Atocha, para resolver tudo isso. Vamos aos detalhes, então.


Aluguel de carro

Olhamos em quatro locadoras: duas delas não autorizavam a entrega em Sevilha. Ficamos entre duas e daí fomos pelo preço. Mais ou menos o valor de 350 euros para duas diárias, com cobertura total e taxa de entrega na estação de Santa Justa, em Sevilha. Um carro tipo médio, que caiba nós os três e mais as malas todas. Se fôssemos de trem, sairia menos, mas decidimos pela experiência de andar de carro e escolher onde dormir no meio do caminho. Carro reservado, vamos para o próximo item.


Passagens e tíquetes para Ávila

Decidimos ir para Ávila hoje, 22 de dezembro de 2021, levando em consideração a proximidade do Natal e a previsão do tempo. Então, fomos na Renfe e compramos os tíquetes para ida e volta. Pagamos 60,90 euros. Detalhe para os horários: ida às 09h07min e volta às 18h12min.



Mas o trem não saía de Atocha... saía da estação Príncipe Pio, nas Cercanías de Madri. Então, tivemos que comprar nas máquinas os tíquetes ida e volta.




Tíquetes nas mãos, seguimos para o último item da lista.


Chip para celular

Compramos os chips da Lebara, que funciona em toda a Europa. Por 10 euros por mês, temos 24Gb de internet, 500 minutos para ligações internacionais e minutos ilimitados para ligações locais. Estava em promoção de Natal. Eu e a Valen já ativamos os nossos. O Jaime está usando o de Guarulhos ainda, que vale até sexta-feira.



Depois de tudo resolvido, hora de passear por Madri. Tema para outro post.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Uma temporada na Espanha


 
Ou a realização de um sonho. Qualquer das duas frases poderia ser o título desse post de retomada do blog. Retomada esta que será, ao menos, durante o período em que estivermos na Espanha. Sim, viemos em família para cá para um período de seis meses.



O começo de tudo

Desde que comecei na pós-graduação, ouço falar no mestrado/doutorado sanduíche. Em 2017 e 2018 vim à Espanha para apresentar trabalhos em eventos na Universidade de Sevilha. E ficou aquele gostinho de 'quero mais'. Aliás, foi num desses eventos que defini o tema central da minha tese de doutorado.

De lá para cá, com o apoio da família, comecei a atender aos trâmites legais (que não são poucos e nem simples): com o edital da mobilidade internacional no ar, eu me inscrevi, fui selecionada e minha inscrição foi homologada pela Univates. Decidimos que eu pediria o tempo máximo de afastamento, ou seja, cinco meses, e que viríamos todos.

Bem, uma vez vencida a etapa do edital de mobilidade, seguimos para a autorização de afastamento do trabalho. Para quem ainda não sabe, sou promotora de justiça no RS e preciso apresentar um monte de documentos para poder me afastar para estudar, algo que é incentivado pela Instituição, a fim de que seus membros e servidores busquem novos conhecimentos. Autorização na mão, próximo passo: o visto no Consulado Espanhol.

Junta todos os documentos (que não são poucos), preenche formulários, pede 'cita', apresenta documentos, confere o link 50 vezes por dia até que tens a resposta: 'resuelto'. Ou seja, já tem uma decisão sobre o teu pedido de visto, que pode ser positiva ou negativa. E para saber, só indo lá. Visto garantido com sucesso!

Prepara tudo! Organiza tudo do trabalho, da casa, do que vai, do que fica, da escola, do escritório. Chega o dia.


A primeira tentativa

Faltando três dias para o embarque (previsto para 06 de fevereiro de 2021), a fronteira fechou por conta da pandemia do novo coronavírus. Só poderiam viajar para a Espanha os espanhois, os europeus e os residentes na Espanha ou em Andorra. Tranquilo, pensei. Meu visto é de 180 dias, logo, tenho autorização para viajar. Ledo engano. Faltando 24h para o nosso embarque, recebo a notícia de que não tinha autorização para entrar no país e que viajar para cá (escrevo este post diretamente de Madri) era um risco meu. Era preciso agir rapidamente, para não perder o dinheiro do aluguel, do seguro-saúde, das passagens... Decidimos não correr o risco e não embarcamos.

As decisões sobre a manutenção do fechamento das fronteiras pelo governo espanhol eram quinzenais. E de quinze em quinze dias, esperamos a fronteira abrir até agosto. Apenas em 24 de agosto deste ano a fronteira reabriu. E ainda cheia de regras. Meu visto havia vencido em 19 de agosto. Era preciso recomeçar.

Confesso que foram dias e meses muito difíceis. Embora todos me dissessem que foi melhor assim, era difícil de segurar a frustração.


A segunda oportunidade

Com a fronteira aberta, a maratona recomeçou. Primeiro, a carta de aceitação da Universidade daqui, já que a decisão da mobilidade ainda era válida. Com esses documentos, nova autorização de afastamento (na verdade, somente a definição da nova data, que, igualmente, deveria ser aprovada pela Instituição). 

Deferido o afastamento, novo visto. Chegou o dia da aplicação do visto e nós fomos informados pelo Consulado de que o sistema estava fora do ar havia uma semana, sem previsão de volta e que, por isso, não poderiam ficar com os nossos documentos lá. Isso era 24 de novembro e nós tínhamos decidido marcar a passagem mesmo assim, sem o visto aprovado ainda, pois, afinal de contas, já o havíamos obtido.

Como era uma espécie de 'renovação' do visto, o consulado não cobrou a taxa e, por isso, podia receber nossos documentos nessa data. Mas o pedido só entrou para o sistema dia 02 de dezembro! Passou mais uma semana e nada. E as passagens marcadas para o dia 19 de dezembro. Estratégias à parte, no dia 13 recebo a informação de que meu novo visto estava 'resuelto'. Tinha quase certeza de que era positivo, mas no dia seguinte fomos ao Consulado para ter a certeza disso. Saímos de lá com ele na mão, ou melhor, no passaporte.

Mas tinha outro problema: o visto de estudante somente me autorizava a entrar na Espanha dia 27 de dezembro e nós chegariamos dia 20. O Consulado não nos orientava a vir antes do dia 27, mas decidimos vir mesmo assim. Na pior das hipóteses, teríamos que entrar com o visto de turismo, sair da União Europeia uns dias e voltar para validar o visto de estudante. 

Faltavam cinco dias para o embarque e tinha tudo por fazer. Ainda mais sendo essa a última semana de trabalho do ano. Não foi fácil! E ainda toda a tensão da variante ômicron causando muito estrago aqui na Europa. 


O embarque

Com a questão da Covid-19, as regras estão muito rígidas. Para embarcar para a Espanha é preciso esquema vacinal completo, mais um código fornecido por um aplicativo do governo, que deve ser apresentado na entrada do país. Se não tem vacina, é preciso fazer o PCR para embarcar.

Em Porto Alegre, ficamos mais 4h na fila do check-in! Nosso voo atrasou e foi muito cansativo. Já em SP, pudemos relaxar um pouco na sala vip da Latam, que usamos pela primeira vez e achamos que valeu a pena, pois a conexão era longa.

Em Poa conferiram nossos passaportes, nossas passagens, nossas vacinas e perguntaram pelo código QR. Não nos foi solicitado o PCR.

Em SP, confirmei que não precisava fazer PCR, porque tínhamos o esquema vacinal completo. Mesmo assim, já no embarque, houve nova conferência dos documentos, do cartão de vacina e do QR code. Estando tudo ok, as passagens ganharam um selo para poder embarcar.


A viagem e a chegada na Espanha

O voo foi muito tranquilo. Foi o voo que mais dormimos. Em nove horas, chegávamos a Madri. Daí a saga começou outra vez.

Com a pasta dos documentos nas mãos, certificados de vacina, QR code e passaportes, fomos para fila da imigração. Estávamos esperando que orientações íamos receber para regularizar o nosso visto. O policial perguntou o que viemos fazer e lhe disse que era para o meu doutoramento junto à Universidade de Sevilha e ele puxou assunto, dizendo que também tinha feito doutorado em criminologia, perguntou minha área e eu lhe expliquei. Ele simplesmente carimbou o passaporte, não olhou nada, não pediu nada e desejou boa sorte e boas festas. Enfim, entramos com o visto até junho!

Depois de pegarmos o famoso trem de Barajas para trocar de terminal, mais uma fila. Agora a do controle sanitário. Hora de mostrar o QR code. Como a Valentina ainda é menor, precisei mostrar para outra pessoa, que nos foi indicada, o seu certificado de vacina, devidamente impresso em espanhol, e o passaporte. Tudo aprovado, seguimos para pegar as malas.


De Barajas até Atocha

Com as malas nas mãos, saímos de Barajas, compramos o ticket da Renfe para Atocha. Cerca de 40 minutos depois, desenbarcávamos em Atocha e nos dirigíamos para o apartamento previamente alugado. 

Agora, sim, vamos curtir uma semana de 'vacaciones' por Madri e cercanias. E depois seguiremos rumo a Sevilha.

Vou seguir contando tudo por aqui. Mas atualizações mesmo será pelo instagram, pela minha conta, pela conta do Jaime e pela conta da Valentina, que está contando essa experiência pelo seu olhar.

Vem conosco!