sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Retrospectiva 2021

 



Que ano! Que ano que passou voando! Que ano que aprontou todas! Que ano que trouxe coisas boas! Que ano que trouxe tantos aprendizados! Que ano que trouxe leituras interessantes! Que ano que trouxe viagens, mas para dentro! Que ano, senhoras e senhores! Que ano!

Fugindo do padrão das postagens de retrospectiva, em que descrevo, mês a mês, as viagens realizadas, vou fazer uma reflexão sobre o todo, sobre o nada, sobre o quase. Ou seja, uma viagem única, que atravessou doze meses loucos, ainda impactados por uma pandemia, que assumiu um certo ar de 'normalidade', principalmente depois que a tão sonhada, esperada e desejada vacina chegou (se você é contra a vacina, pode parar de ler aqui e fechar a página). Talvez de um 'novo normal'. Talvez de um normal anormal, não sei.

Passei o réveillon de plantão e fizemos um convescote em casa mesmo, com amigos. Pouquíssimas pessoas, pois havia limitação por conta das regras locais da pandemia. Ainda tudo muito controlado, cheio de dedos, de medos, mas já com alguma abertura, com a possibilidade de reunir algumas pessoas para confraternizar, o que já era bom.

Naquela oportunidade, tudo girava sobre a nossa viagem para a Espanha, para eu concluir meu doutoramento junto à Universidade de Sevilha. Diversas foram as despedidas. A cada encontro, pessoas diferentes e grupos reduzidos, pois tínhamos que evitar ao máximo que a Valen se contaminasse com o coronavírus (nós, eu e o Jaime, já havíamos passado por ele - ou ele por nós, não sei).

Saindo de casa, rumo à Espanha - fev/2021

Semana de embarque, correria total. Tudo organizado, seguimos para Porto Alegre para os testes de PCR dentro do prazo estipulado pelo governo espanhol. Teste feito, resultado - negativo - na mão (em inglês), último dia de trabalho. Uma mistura de cansaço, de ansiedade e de expectativa pairava sobre nós três. Faltando 24h para o embarque, recebo a notícia de que não poderíamos embarcar, porque a fronteira havia fechado três dias antes! Somente poderiam entrar na Espanha cidadãos espanhois ou andorranos ou pessoas com autorização de residência (que é diferente de um visto para estudante, que se limita, salvo exceções, a 180 dias). Corre para cancelar tudo (passagens, seguro viagem, apartamento) e volta para casa. Mas a decisão ia ser revista em duas semanas. Pensei: embarcaremos daqui a duas semanas! Doce engano! Passados dois meses, guardei as malas, voltei a trabalhar e segui acompanhando a situação na União Europeia. O Brasil estava na lista vermelha de países, ou seja: fronteira fechada para brasileiros em quase 100% dos países do mundo tendo em vista a péssima gestão da pandemia por aqui. 

Por dois meses, as malas ficaram assim, prontas, no meio da casa.

Foram duas semanas que se transformaram em 06 meses! A fronteira somente voltou a abrir no dia 24 de agosto! Meu visto havia vencido no dia 19. Começa tudo de novo: define novo período, espera carta da universidade, pede autorização de afastamento, aplica novo visto... tudo com prazos determinados e que precisam ser respeitados. Em resumo: marcamos a passagem para o primeiro dia possível após o início do recesso do Judiciário, pois eu não figurava na escala do plantão neste ano. O nosso visto saiu na semana da viagem! Foi tudo muito tenso! Se em fevereiro eu estava com as malas prontas duas semanas antes, agora eu as arrumei faltando dois dias para a viagem! 

E dezembro, então, chegou. E com ele nosso embarque. Mas havia outra situação: o visto de estudante me dava autorização para entrar na Espanha somente 15 dias antes do início na Universidade, ou seja, dia 27 de dezembro de 2021, e nosso desembarque estava previsto para o dia 20 de dezembro. Como estratégia, caso houvesse alguma reclamação na imigração, apresentaríamos passagens para Londres, para passarmos o réveillon lá e reingressarmos na União Europeia no dia 02/01/2022. Não foi preciso! No dia 20/12/2021 desembarcamos na Espanha já em definitivo. E aqui passamos o Natal e o Réveillon (escrevo de Sevilha, neste momento).

No desembarque, em Barajas - Madri - em dezembro de 2021

Além dessa narrativa que consumiu o ano inteiro, a viagem emocional foi de altos e baixos. Primeiro, o choque e a frustração do não embarque; depois, a esperança do reembarque a qualquer momento; em terceiro, a desesperança de um novo embarque ainda em 2021; por fim, a euforia misturada com o medo de não embarcar, outra vez, em dezembro de 2021. Do ápice ao fundo do poço em pouco tempo. Se racionalmente eu sabia que aquele não era o melhor momento para embarcar, emocionalmente era frustrante demais não poder embarcar. Sim, eu sei que estou olhando apenas para a minha situação, enquanto muitos sofreram perdas muito mais profundas durante o ano. Mas morar fora do Brasil, ao menos por um tempo, era um sonho acalentado desde a minha juventude! E, sim, nós também perdemos familiares e amigos para a covid-19 e nos solidarizamos com todos os que passaram por esta situação, diante da desorganização e negacionismo (ridículo!) que tomou conta do Brasil e que nos fez passar vergonha mundial. Mas aos 50 anos, nada pode ficar para depois! E eu tinha pressa!

Farroupilha

Para superar essa situação toda, além de um retiro à natureza que fizemos, eu e o Jaime, mergulhei fundo no trabalho. Preenchi meus dias com muitas tarefas que me fazem bem. Estudei, trabalhei, me exercitei, me cuidei, li muito. No entanto, leituras aleatórias, pois não podia sequer pensar em estudar a tese. Também diminui o ritmo dos eventos on-line. O formato, embora prático, cansou.

Vistoria das margens do Rio Taquari - Triunfo





Se viajei? Um pouco. Algumas idas a Porto Alegre. Várias para visitar meus pais e minha irmã. Uma ida ao Uruguai, para um casamento, mas sem passar a imigração (pois a fronteira ainda estava fechada para a via terrestre), com uma folga em Caçapava do Sul, numa pousada incrível chamada Vila do Segredo, para organizar a agenda do final do ano. E também conheci Santo Amaro, uma localidade que desde há muito eu queria conhecer. De avião, nenhuma até a vinda para a Espanha. Desanimei até das corridas, de que tanto gosto e que tanto me fazem bem. Enchi o saco das virtuais... Mas me encontrei em outros exercícios, que me mantiveram focada o ano inteiro, especialmente no final do ano, quando precisei cansar o corpo e a cabeça para não somatizar, para manter o equilíbrio emocional, já que a mente tentou me boicotar diversas vezes. Somos, é claro, nossos piores inimigos se não controlarmos a nossa mente. E isso para mim é cristalino.

Cais Embarcadero - Porto Alegre

São Lourenço do Sul

São Lourenço do Sul

Outra 'viagem' do ano foram as tatuagens que fiz. Pode parecer bobagem, mas eu não tinha nenhuma e fiz quatro de uma única vez. Registrei minha paixão por gatos e por viagens. Pela liberdade de ir e vir, por girar o mundo e aprender. Não contente, fiz outra, agora de mãe e filha com a Valen. Como eu disse antes, aos 50 anos, tudo é para ontem.





Em razão da pandemia, muitos lugares novos - e ao ar livre - surgiram na região. Aproveitei para conhecer vários deles, entre Estrela, Lajeado, Colinas e Imigrante. Fomos na Serra Gaúcha, também, ver as novidades do Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves/RS.

Parque da Lagoa - Estrela
Morro Thomas - Colinas

Morro Thomas - Colinas

Convento São Boaventura - Imigrante


Convento São Boaventura - Imigrante


Colinas



Caminhos de Pedra - Bento Gonçalves/RS

Ainda, além de publicar artigos, um deles na revista do MPRS, lancei dois livros. Em março, o Empreendedoras de Alta Performance - Edição Rio Grande do Sul e o Mulheres no Direito, em dezembro, ambos pela Editora Leader.





Ah, e uma das coisas mais legais: as corridas de rua voltaram a todo o vapor. E com elas, eu! Fácil não foi, pois estava sem treinar. Acabei diminuindo para 3k a minha distância, pois os 5k estavam me judiando muito. Em algumas provas tive até no pódio. Lembrando que em 2021 eu mudei de categoria. Agora corro 50-54, porque, sim, eu cinquentei em 2021!





Ao fim e ao cabo, foi um ano positivo. Foi um ano desafiador e de muita resiliência. Foi um ano que trouxe uma gratidão enorme todos os dias por poder acordar e desejar ao mundo bom dia. Em tempos de pandemia, estar vivo é o maior presente que podemos receber diariamente. E por isso, simplesmente por isso, temos que ser gratos. A cada dia que acordamos temos a oportunidade de fazermos diferente e de sermos a diferença num mundo tão cruel e mesquinho. A felicidade é, sim, uma escolha. Mas também é preciso se permitir sofrer pelo que nos inflige esse sentimento e disso tirar aprendizados para a vida, pois o copo pode ser visto como meio cheio ou meio vazio, dependendo do ponto de vista que você escolher. O universo é sempre perfeito. E vai te entregar aquilo que tu entregas para ele. 

Há  luz no fim do túnel. Vacinas salvam vidas.


É, o ano passou rápido demais. Juntou a velocidade do tempo com a velocidade do digital. Nossos parâmetros caíram, nossas crenças, também (embora outras possam ter tomado o lugar das antigas). Agora é hora de recomeçar. Aliás, todos os dias é hora de recomeçar. A troca de ano é mera formalidade do tempo gregoriano-capitalista. O que vale mesmo é o dia após dia, pois é sempre um novo despertar. Despertar para ser a diferença que queremos ver no mundo, para conquistar nossos sonhos, para sermos felizes, pois é isso o que realmente importa.

FELIZ 2022!



Um comentário:

  1. Adorei, aos poucos vou ir lendo todas as postagens! Muito sucesso, feli idades para vocês, aproveitem por aí! 🙏😇😍😘😘😘

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