sábado, 12 de outubro de 2013

3ª Blogagem Coletiva: As Viagens da Minha Infância



Fusca em que eu atravessava o RS na 'cachorreira'


O grupo Viagens em Família do Facebook está promovendo a 3ª Blogagem Coletiva deste ano. Para quem não lembra, contamos sobre as nossas viagens em família (leia aqui) e depois, em homenagem ao Dia dos Pais, contamos sobre os nossos perrengues em viagens (leia aqui). E agora vamos narrar como eram as nossas viagens quando éramos crianças.

Bem, a gente, em razão da profissão do meu pai, vivia mudando de cidade. Em uma determinada época, morávamos em Frederico Westphalen, cidade que hoje moro por razões profissionais, enquanto meus avós e tios moravam em Jaguarão (terra da Felipe, o Pequeno Viajante), ou seja, a mais de 700km de distância entre uma e outra. Então, toda a vez de visitarmos a família, cruzávamos o Estado do Rio Grande do Sul de norte a sul. Era, literalmente, uma viagem.

Mas o detalhe é que, naquela época, as estradas não eram totalmente pavimentadas. Sim, queridos leitores, era estrada de chão! E o meu pai tinha... um fusca! Saíamos de Frederico depois do expediente de sexta-feira (pelas 18h), viajávamos a noite inteira e chegávamos para o almoço na casa do meus avós. No domingo cedo, começávamos a retornar. Nestas viagens, eu ia na ‘cachorreira’, o famoso porta-malas do fusca. Minha mãe me arrumava uma cama e ali eu viajava direto. Cinto de segurança? Isso era luxo! Pra quê? O fusca não passava de 80km/h...

Laranjal
Depois, nova mudança. Fomos morar em Pinheiro Machado, popular ‘Cacimbinhas’. Dali fizemos algumas viagens interessantes. Nos verões, íamos à Praia do Laranjal, em Pelotas. Era o máximo. Ficávamos na casa de uns amigos e o banho era obrigatório na hoje poluída Lagoa dos Patos. 

Laranjal

A evolução aconteceu quando passamos a veranear no Cassino, a maior praia do mundo. Íamos de barraca, para o camping municipal, que ficava uns 3km da praia. Certo dia, saímos cedo para aproveitarmos o dia na praia. Éramos eu, minha mãe e um casal de amigos que nos acompanhava no acampamento. Meu pai, óbvio, ficara dormindo na barraca e somente depois iria nos encontrar na praia. Durante a caminhada, o nosso amigo cumprimentava efuzivamente todas as pessoas por que cruzava. Se estavam na área de casa, tomando chimarrão, parava no portão e puxava assunto como se fosse bem conhecido e íntimo daquela família. Perguntava por todos e mandava abraços, mas jamais dizia quem era. Depois, seguia o rumo, enquanto nós 3 nos dobrávamos de rir.

Vagonetas no Cassino


Porto de Rio Grande - Porta-aviões Minas Gerais
Navio encalhado - Cassino


Noutro dia, minha mãe cozinhou uma lata de leite condensado para a sobremesa. E, claro, que eu abri antes dela esfriar e comemos até o fim. Resultado: sérios problemas estomacais se sucederam. Só voltei a comer leite condensado cozido depois de algum tempo...

Com este mesmo casal viajamos, em outro verão, para Torres. O carro era um Chevette. Nele, nós os 5 (eu era a única criança), toda a bagagem, uma barraca e todos os equipamentos para camping. O carro não andava, gemia Freeway (BR-101) a fora. Chegamos, ficamos uma semana acampados e, certo dia, fomos procurar a freira da propaganda da praia de Morro dos Conventos/SC... Claro que não a encontramos...

Catedral de FW
Outra aventura inesquecível foi a viagem que fizemos para Foz do Iguaçu. Isso foi nos idos de 1983 e nós saímos de Cacimbinhas para visitar uns tios que viviam naquela cidade. Carro arrumado (acho que era um Passat), pegamos a estrada. Estávamos nós, eu, meu pai e minha mãe, e uma tia muito religiosa.

Como já fazia alguns anos que tínhamos saído de Frederico Westphalen, passamos uns dois dias ali revendo os amigos para depois seguirmos viagem para Foz. A ideia era atravessarmos o oeste catarinense e, para diminuirmos o caminho, atravessaríamos a estrada de chão que corta o Parque Nacional de Iguaçu, hoje trancada para o tráfego. Mas meu pai, enquanto não fez esse caminho, não sossegou.

Sociedade Aquática Barrilense - FW

 Pois bem, nosso trajeto não era totalmente pavimentado e o tempo não colaborou. Chovia muito e o barro vermelho cobria o pneu até a sua metade. Começou a anoitecer. Estávamos quase em pânico! Minha tia rezava muito, pois estava apavorada! Tivemos que ser rebocados de trator em duas subidas da estrada. Muitos carros e até ônibus estavam atolados...


Finalmente chegamos na barca que tínhamos que atravessar para pegarmos a tal estrada do parque. Muitas placas alertavam que não era permitido parar o carro e descer porque havia o risco de os animais atacarem.



Depois de muito andarmos, quebrou o cano de descarga do carro na estrada empedrada. Noite escura e o carro naquele barulhão, afastando todo e qualquer bicho que pensasse em se aproximar de nós. O pai parou, desceu, arrancou o pedaço do cano e com o carro roncando, seguimos viagem.


Chegamos em Foz do Iguaçu por volta de 22h. Quando meu pai perguntou para a minha mãe o endereço dos meus tios, ela começou a revirar a bolsa e tudo o que encontrava pela frente procurando o bilhete com o endereço. Claro que ela não encontrou... tinha ficado sobre a mesa da cozinha... Não tínhamos como contatar com meus tios, pois inclusive o telefone tinha ficado lá e naquela época nem se sonhava em GPS e celular. Solução: fomos para um hotel para passarmos a noite e, no dia seguinte, telefonamos para a empresa que o meu tio trabalhava dentro da Itaipu Binacional e ele foi nos buscar no hotel e nos levou para a sua casa.




O mais legal dessa viagem foi a visita que fizemos à Itaipu Binacional. Onde hoje é o grande lago, andei de Kombi. Passei pelas turbinas, por cima da barragem, por todo o canteiro de obras. Visitamos as Cataratas, o Marco das 3 Fronteiras, fomos à Ciudad Del Este, que naquela época se chamava Puerto Strossner, e pela primeira vez fui a um aeroporto ‘ver’ um avião. Lembro do calorão e do papagaio do vizinho que vivia mais lá na tia do que na casa dele. Engraçado como algumas coisas marcam a nossa vida, não é mesmo?






Uma outra viagem que lembro é a primeira ida a Gramado e Canela. Mas lembro muito pouco, apenas de uma foto que tirei no jardim do Hotel das Hortênsias e da Cascata do Caracol. Nada mais.



O mais legal é que sobrevivemos a tudo isso e hoje me proponho a levar a minha filha para viajar junto comigo, pois é uma experiência inesquecível.

Leia sobre outras viagens nos links que seguem:


1. Claudia Rodrigues Pegoraro - Felipe, o Pequeno Viajante 

2. Karen Schubert Reimer - As Aventuras da Ellerim Viajante

3. Francine Agnoletto - Viagens que Sonhamos

4. Thyl Guerra - Viajando com Palavras

5. Marcia Tanikawa-Os Caminhantes

6. Adriana Pasello - Diário de Viagem
  
7. Sut-Mie Guibert - Viajando com Pimpolhos


8. Andreza Trivillin - Andreza Dica e Indica Disney

 9. Patricia Papp - Coisas de Mãe

10. Camila de Sá Marquim - Na Viagem com Camila

11. Débora Segnini - Gosto e Pronto

12. Débora Galizia - Viajando em Família

13. Aryele Herrera - Casa da Atzin 

14- Andréia Mannarino - Mistura Nada Básica

15 - Tatiana Dornelles - Destino Mundo Afora

16. Manu Tessinari - Cup of Things

         17. Valéria Beirouth - It Babies

         18. Luciana Misura - Colagem

         19. Amanda Lago - Batendo Perna Pelo Mundo

         20. Erica Kovacs - Viagem com gêmeos




Até a próxima blogagem coletiva!


12 comentários:

  1. Andrea,

    Acho que todo mundo viajou pra Foz na infancia, ne?
    Adorei tuas histórias...eu morreria de viajar de noite e ainda esquecer o endereço, rsrsrs

    Bjs e Feliz Dia das Crianças, mesmo que atrazado!!

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    1. Sim, eu já li alguns dos posts e todos falam em Foz, muito engraçado! Obrigada! Pra ti tb! bjão

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  2. Muito engraçado mesmo como Foz foi obrigatório. kkkk Adorei o relato, Andrea. Muitas viagens que marcam! E as fotos, muito legais (VASP! Voltei no tempo rsrs). Parabéns!
    Bjs
    Thyl @viajandpalavras

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    1. Realmente, Foz era destino certo! Voltei lá ano passado com minha filha e é sempre um bom destino. obrigada pela visita!

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  3. Andrea,
    Muito legal... Fiquei com mais vontade conhecer Foz... Acho que só eu que não fui para lá! bjs

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    1. Foz é muito legal! A gente foi ano passado lá com a Valen e é muito legal. Recomendo!

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    2. Eu não fui pra Foz na minha infância não, Debora Galizia, só conheci ano passado e quero muito levar meus filhos lá :-)

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  4. Nossa Andrea, quantas aventuras, haha! Essa viagem pra Foz hein, que bacana ainda ter conhecido Itaipu na época da construção! E todo mundo teve um Fusca na história, haha!

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    1. Sim, o fusca deve ser tradicional. Ainda no ano passado estive em Foz e fui, pela terceira vez, visitar Itaipu. Comentei sobre essa aventura toda! Valeu pela visita!

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  5. Oi Andrea,
    Aos poucos estou conseguindo atualizar a lista de leitura desta edição do blogagem coletiva.
    Mesmo em lugares completamente diferentes, parece que tooodo mundo fez as mesmas viagens: Foz do Iguaçu, Paraguai, deviam ser o hit do momento, o destino mais chique na época! E eu sou do tempo que conheci ainda Sete Quedas, imagine só. E também tem uma nota trágica nisto tudo, que não escrevi, mas visitamos e passamos pela ponte que caiu em Sete Quedas e que foi bem comentado na época exatamente uma semana antes daquela tragédia acontecer...
    Um abraço!
    Marcia

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    1. Oi, Márcia!
      Bah, que sorte tiveram, hein? Eu lembro quando isso aconteceu, foi bem comentado mesmo! A gente, quando foi, não chegou a ir até lá, daí porque não conheci. E quando fui pela segunda vez, já não existia mais. Mas Foz era o destino da vez, mesmo! Obrigada pela visita!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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