domingo, 7 de agosto de 2011

Ainda sobre Brasília...



Na mesma oportunidade em que estive em Brasília, na Granja do Torto acontecia o Encontro de Folia de Reis e Catireiros do Distrito Federal e Entorno. Havia representações de diversas cidades, inclusive de Brasília.

Terno de Reis é uma festividade tradicional, sedimentada nos acontecimentos referidos pela Sagrada Escritura e herança que nos legaram os portugueses colonizados. Desenvolve-se, em síntese, assim: O "terno", chegando à frente de uma casa, faz, sempre em versos, a "Saudação" ao dono da residência, solicitando permissão para cantar e, ao mesmo tempo, justificando-se da sua "Chegada".

Segue-se, já dentro da habitação e diante do presépio, a louvação, que gira em torno da "anunciação", "nascimento", "estrela guia", "Reis Magos", "adoração", "oferendas", "agradecimento" e "despedida", através de diversas "estações" que iniciam às vésperas do dia 25 de dezembro; dia de Natal; de 25 a primeiro do ano; de primeiro de janeiro a Dia de Reis, e, mesmo, posteriormente.

O objetivo da visita varia de um terno para o outro; alguns, visam unicamente louvar a memória do menino Jesus. Outros, visam propiciar aos cantadores uma doce retribuição ao desgaste de suas cordas vocais, através de fartos comes e bebes que os donos da casa nunca se esquecem de oferecer. Há figuras representativas dos três Reis Magos.




Durante a folia, os fiéis são incitados a beijar o estandarte. Com este gesto, recebem a benção do Divino. 


Na mesma oportunidade, havia o encontro dos catireiros da região. A Catira é dança que foi trazida para Goiás pelos bandeirantes e que, antigamente, era muito comum. É dançada por homens, tradicionalmente. Ninguém sabe ao certo a origem da catira no Brasil. Uns dizem que os brasileiros herdaram dos africanos, outros juram que foi um presente da cultura indígena. Para a segunda, existe uma explicação lógica: os jesuítas (religiosos da ordem de Santo Inácio de Loyola) usaram essa dança para facilitar o entrosamento dos índios com os colonizadores brancos.


Catireiros em fila dupla - um de frente pro outro, formando duplas - e violeiros nas pontas. Para começar, os violeiros tocam os repicados característicos da catira. Logo depois começam os sapateados e as palmas dos catireiros - é de arrepiar! Um tempinho depois os catireiros ficam quietos em seus lugares e os violeiros param de tocar. É aí que vem a primeira estrofe da música. Daí tem mais acordes de viola, sapateados e palmas. Os catireiros não ficam o tempo todo no mesmo lugar. De vez em quando acontece o que eles chamam de artiação - a voz e os instrumentos ficam mais agudos para entoar oi, lá, lai, lai, lá lai, oi ai - é quando cada dançador troca de lugar com outro e depois volta para onde estava.

E como convidadas especiais da noite, as fiandeiras, que cantam enquanto cardam o algodão. Segundo elas, quem canta, seus males espanta.









Nenhum comentário:

Postar um comentário