Quando estive pela primeira vez
defronte do oceano me enchi de assombro.
Ali entre dois grandes montes
(o Huique e o Maule) se desatava
a fúria do grande mar.
Não eram somente as imensas ondas
nevadas que se levantavam
a muitos metros sobre nossas cabeças,
mas um estrondo de coração colossal,
a palpitação do universo.
(NERUDA, Pablo, em Confieso que he vivido).
Eu já escrevi sobre Isla Negra anteriormente (leia aqui). Mas voltar aqui me fez entrar no mundo de Neruda mais uma vez. Esse lugar é abençoado, com uma energia maravilhosa. Impossível não se inspirar e escrever muito...
Mas o mais legal foi ver a Valentina vencer a ansiedade de ver a coleção de conchas e prestar atenção em tudo. Atualmente a visita é feita com um audioguia, em português (aqueles aparelhinhos em que você digita o número indicado na peça e ouve sobre a história local), o que é muito bom, pois você faz a visita no seu tempo, sem ter um guia te chamando.
Ela passou de peça em peça, olhou tudo, ouviu tudo, perguntou muito. Ao final, quando perguntei do que ela mais havia gostado na casa, a resposta veio rápida: - A coleção de sapatos do Pablo Neruda. Confesso que me caiu os butiá do bolso, pois a tal coleção está guardada num pequeno closet no quarto dele, num cantinho!
E depois ela me disse: - Mamãe, eu adorei esse lugar, pena que termina triste. E eu perguntei o porquê e ela me respondeu: - Ora, mãe, porque ela viveu 12 anos sem o Pablo Neruda, referindo-se à Matilde Urrutia, a La Chascona. E se ainda tinha algum butiá no bolso, caiu de vez...
E a coleção de conchas? Ela gostou, mas não foi o top, que eu achei que iria ser... Como a gente se engana com eles...
Volto nesse lugar toda vez que voltar ao Chile. Acho demais! Uma energia muito forte e contagiante. O mundo de Neruda é realmente maravilhoso!
Dever do poeta é cantar com seu povo e dar ao homem o que é do homem: sonho e amor, luz e noite, razão e desvario.
(NERUDA, Pablo, em Prólogo da Las piedras de Chile)
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